quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Amor autêntico

Reconheçamos com lealdade a nobreza dos princípios morais apresentados por Jesus de Nazaré à humanidade, fazendo-se portador da mensagem viva do Evangelho. Seus ensinos e orientações significam lúcida orientação de vida para que nos libertemos das ilusões mundanas e das graves quedas nos precipícios de nossas imperfeições morais.
Luz do mundo e modelo exato para a felicidade real da moralidade, sua presença e grandeza significam – além de conforto moral próprio – roteiro de alegrias e perene felicidade diante dos desafios da vida humana e complexos desafios evolutivos.
Sua bondade, por outro lado, expressa em autêntico amor aos irmãos menores que somos todos nós, indica o compromisso assumido de nos conduzir, chegando ao extremo de entregar-se ao sacrifício para nos ensinar o amor e o perdão, em gesto aparentemente mínimo que se transformou em roteiro celeste para a renúncia e a humildade que nos liberta de vícios e constrói o real caminho da felicidade moral que podemos alcançar.
Construtor do planeta, modelo e guia para a humanidade, Jesus foi capaz de dividir a história em antes e depois dele. Não é Deus, mas um irmão mais velho, criado antes e já habitante do estágio de perfeição – ainda que relativa diante de Deus –, sua experiência e maturidade constituem a única opção para uma vida melhor.
Seus ensinos, por meio das parábolas e bem-aventuranças e mesmo nas curas efetuadas – normais para o conhecimento que detêm e não milagres – ou nas orientações aos discípulos, apóstolos e seguidores, significam sabedoria proveniente da experiência e maturidade acumulada, mas sem dispensar bondade e imenso amor capaz de contagiar intensamente todos aqueles que se deixam tocar pela energia que fluem de suas palavras, de sua presença pessoal ou de sua autoridade moral inquestionável.
Neste Natal, esse ar diferente, esse clima de entusiasmo – apesar dos apelos comerciais próprios da época – são resultantes da presença marcante de Jesus em favor da Humanidade, de maneira mais intensa evocado em dezembro pela humanidade cristã do planeta.
Deixemo-nos também contagiar pelo entusiasmo, pela alegria de viver, pela gratidão a essa incomparável personalidade que nos pede humildade, renúncia, bondade e postura de perdão diante dos ferimentos físicos ou morais recebidos. Sua sabedoria sabe que quando perdoamos nos libertamos das prisões que nós mesmos criamos com nossa rebeldia ou condicionamentos vários que vamos alimentando ao longo dos relacionamentos conflituosos.
Por gratidão à sua divina presença, ao seu imenso amor, à sua incontestável e patente realidade de sua bondade e amor para conosco, deixemos que mais que as luzes externas das fachadas comerciais ou residenciais se transformem em luzes interiores, as luzes da solidariedade, da humildade, da disposição de servir, da alegria de viver, da gratidão, virtudes capazes e potentes para transformar o sofrido cenário da atualidade num ambiente de paz e harmonia, a partir dos lares que se refletem na sociedade.
Por isso, nesse Natal, nosso coração pulsa para dizer: Obrigado Senhor Jesus!
Aos leitores, nossos votos de um Natal feliz, repleto de harmonia no coração!
Orson Peter Carrara
Extraído do site: http://www.agendaespiritabrasil.com.br/2017/12/18/amor-autentico/

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Prece de Cáritas

Deus nosso Pai, que sois todo poder e bondade, daí a força àquele que passa pela provação; daí luz àquele que procura a verdade, ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.

Deus daí ao viajor a estrela guia; ao aflito a consolação; ao doente o repouso. Pai, daí ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai.
Senhor, que a vossa bondade se estenda sobre tudo o que criastes. 


Piedade Senhor, para aqueles que não vos conhecem, esperança para aqueles que sofrem.


Que a Vossa bondade permita aos Espíritos consoladores derramarem por toda parte a paz, a esperança e a fé.


Deus, um raio, uma faísca do Vosso amor pode abrasar a terra.


Deixa-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão.

Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e amor.

Como Moisés sobre a montanha, nós vos esperamos como os braços abertos, oh! Poder... oh! Bondade... oh! Beleza... oh! Perfeição, e queremos de alguma sorte alcançar a Vossa misericórdia.


Deus, dai-nos a força de ajudar o progresso a fim de subirmos até Vós; dai-nos a Caridade pura; dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas, o espelho onde deve refletir a Vossa santa e misericordiosa imagem.


Cáritas




segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A fé remove montanhas

“O poder da fé tem aplicação direta e especial na ação magnética que rege as moléculas de que são formados os órgãos do nosso corpo”. “Ao invocar a fé, colocamos em movimento determinadas vibrações e alterações químicas em nosso cérebro enquanto pensamos. Essas vibrações vão percorrendo os caminhos dos neurônios, depois, de nosso corpo como um todo. Elas vibram em cada corrente química de nosso organismo e, à medida que a carga dos impulsos elétricos do pensamento é enviada, (neste caso, positiva, de vez que a fé é uma relação de intimidade com o Plano Espiritual) vai alterando a química e consequentemente nosso sistema imunológico, por isto é que a cura pode se estabelecer. Nesta hora uma energia maravilhosa desprende-se de nós e, como um imã, une-se ao Fluido Universal, que por graça de Deus está por toda parte, modificando-lhe adequadamente as qualidades dando-lhe o impulso irresistível na busca da cura.” Bem por isso é que Jesus dizia àqueles a quem curava: “A tua fé te curou”, pois os fenômenos de cura considerados prodígios, na verdade eram apenas consequências de uma lei natural. Ensinava nesse momento aos que tinham “ouvidos de ouvir”, que a potência embutida em cada um de nós, pode acionar a cura ou nos desviar das dores que nós mesmos atraímos. Quando falamos em fé, muitas vezes nos lembramos das doenças graves que nos atingem ou àqueles a quem amamos. Então perguntamos; porque o poder da fé de alguns pode ser tão abrangente a ponto de lhes ocasionar a cura?... E a resposta procurada, pesquisada, nos responde: A fé, quando ardente e sincera, pode operar maravilhas, remover montanhas, as Montanhas de Nossas Dificuldades, unicamente pela vontade do pensamento dirigido para o bem. Quando Jesus disse que “a fé remove montanhas”, falava no sentido moral e não de uma montanha de pedra, que sabemos impossível remover. As montanhas que a fé transporta são as dificuldades, as resistências. O preconceito, o orgulho, os interesses materiais, a cegueira, são outras tantas montanhas que atravessam nossos caminhos, mas não nos iludamos, na grande maioria das vezes somos nós mesmos que as colocamos, e o que é pior, na falta de um culpado, culpamos a Deus!! E quando, pelo medo de pecar, não O culpamos, nos sentimos desprotegidos, achamos que Deus não é assim tão amoroso e justo! Então dizemos, embutindo nossa decepção: Porque justo comigo? Ou Deus quis assim! Como se Deus pudesse querer que coisas ruins nos acontecessem! Não! Somos nós que atraímos a devolutiva do que fazemos, desejamos e até pensamos, pois que, sempre. O resultado do que nos fazemos espera mais adiante. Nem sempre queremos nos inteirar realmente e não buscamos esclarecimento para o entendimento das coisas espirituais porque, além de trabalhoso, aumentaria a responsabilidade de nossos atos... E ISTO, NÃO QUEREMOS!... É tão mais fácil e cômodo ter alguém, ainda que seja Deus, para responsabilizar pelos nossos problemas e até pelos nossos desatinos! A fé raciocinada ilumina demais!... Não gostamos de encarar nossas falhas, muito menos de trabalhar com elas. Preferimos ficar no desconhecimento de nós mesmos, e não percebemos que a fé que sem raízes se faz fraca, sem o poder de “remover nossas montanhas”, de nos levar à compreensão da justiça de um Deus que não pune, mas que instituiu entre Suas leis, a justíssima “Lei do Retorno”, ou “Carma”, que significa “Ação e Reação”. Na verdade...
Somos nós mesmos que atraímos como devolutiva, a consequência inexorável daquilo que fazemos. Na ignorância das Leis de Causa e Efeito, usamos de nosso livre arbítrio do jeito que queremos o que vale dizer; do jeito que, certo ou errado, no momento nos seja mais prazeroso ou conveniente, sem pensar que há uma justiça no Universo que nos trará como retorno o resultado bom ou mau daquilo que fazemos! Não é Deus! Somos nós que colhemos o que quer que tenhamos plantado, porque não há conta de chegar nas Leis de Deus, ela é justa, inexorável, imutável e eterna, como tudo que Ele criou! Se aceitarmos uma fé que nos é imposta, sob a qual não temos o direito de raciocinar, passamos a professar uma fé cega, que aceita sem controle o falso e o verdadeiro, mas que cedo ou tarde se choca com a verdade e a lógica, e que, se ainda não for fanática, vacila, não satisfaz, não acalma nossas inquietudes, não alivia nossas dificuldades. Por isso muitas vezes vivemos infelizes e sofredores, sem o conforto, sem o alívio daquela fé, que raciocinada e entendida, nos confere a perseverança, a energia e os recursos necessários para a vitória, ou superação dos obstáculos das nossas Montanhas Pessoais! No entanto, quando depositamos nossa confiança no Criador, nosso Espírito passa a estagiar em ondas magnéticas positivas, que por sua vez, como imã que todo pensamento é, atrai os Bons Espíritos, que então, por misericórdia de Deus, vêm em nosso auxílio, e, mesmo que não o percebamos, a ajuda estará se processando, ainda que em nosso imediatismo ignoremos que... “Pedimos da maneira que queremos... recebemos da maneira que necessitamos!” Por isto é que Jesus quando operava curas advertia: “Vá e não tornes a pecar”. Se não naquele tempo, hoje está muito claro!... Quando fazemos as coisas de maneira errada ficamos em desarmonia com as Leis de Deus embutida em nosso inconsciente. Inexoravelmente, por devolução natural, sofremos-lhe as consequências, que muitas vezes são doenças ou as grandes dificuldades! Noutras palavras, se não mudamos de atitude, se teimosamente não fazemos questão de melhorar nossos pensamentos e conduta, se pouco fazemos por nossa reforma interior, por ampliar nosso autorrespeito, nosso auto amor, o respeito e o amor ao nosso próximo, a ajuda que recebemos dura pouco, e mais a frente os problemas voltarão... Muito Maiores, e se quer teremos o direito de revolta, pois que tudo é uma questão de resultado. De outra forma, as “Montanhas” a que se referia Jesus, ao invés de serem removidas por nós mesmos quando buscamos nossa melhora espiritual, tornam-se cada vez mais nas Montanhas de Nossas Dores e Dificuldades... A doutrina de Kardec nos oferece a chance do estudo que leva ao esclarecimento, mas o interesse, a vontade e a determinação... é de cada um!!
Doracy Mércia Azevedo Mota -------------------------------------------------------------------------------- Bibliografia: “O Evangelho Segundo o Espiritismo” Cap. XIX “Depois da Morte” – Leon D

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Honrai vosso pai e vossa mãe

SANTO AGOSTINHO
Paris, 1862
            9 – A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo, e revolta sempre os corações virtuosos. Mas a dos filhos para com os pais tem um sentido ainda mais odioso. É desse ponto de vista que a vamos encarar mais especialmente, para analisar-lhe as causas e os efeitos. Nisto, como em tudo, o Espiritismo vem lançar luz sobre um dos problemas do coração humano.
Quando o Espírito deixa a Terra, leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza, e vai no espaço aperfeiçoar-se ou estacionar, até que deseje esclarecer-se. Alguns, portanto, levam consigo ódios violentos e desejos de vingança. A alguns deles, porém, mais adiantados, é permitido entrever algo da verdade: reconhecem os funestos efeitos de suas paixões, e tomam então boas resoluções; compreendem que, para se dirigirem a Deus, só existe uma senha – caridade. Mas não há caridade sem esquecimento das ofensas e das injúrias, não há caridade com ódio no coração e sem perdão.
            É então que, por um esforço inaudito, voltam o seu olhar para os que detestaram na Terra. À vista deles, porém, sua animosidade desperta. Revoltam-se à idéia de perdoar, e ainda mais a de renunciarem a si mesmos, mas sobretudo a de amar aqueles que lhes destruíram talvez a fortuna, a honra, a família. Não obstante, o coração desses infortunados está abalado. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários. Se a boa resolução triunfa, eles oram a Deus, imploram aos Bons Espíritos que lhes dêem forças no momento mais decisivo da prova.
            Enfim, depois de alguns anos de meditação e de preces, o Espírito se aproveita de um corpo que se prepara, na família daquele que ele detestou, e pede, aos Espíritos encarregados de transmitir as ordens supremas, permissão para ir cumprir sobre a Terra os destinos desse corpo que vem de se formar. Qual será, então, a sua conduta nessa família? Ela dependerá da maior ou menor persistência das suas boas resoluções. O contacto incessante dos seres que ele odiou é uma prova terrível, da qual às vezes sucumbe, se a sua vontade não for bastante forte. Assim, segundo a boa ou má resolução que prevalecer, ele será amigo ou inimigo daqueles em cujo meio foi chamado a viver. É assim que se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas, que se notam em certas crianças, e que nenhum fato exterior parece justificar. Nada, com efeito, nessa existência, poderia  provocar essa antipatia. Para encontrar-lhe a causa, é necessário voltar os olhos ao passado.
            Oh!, espíritas! Compreendei neste momento o grande papel da Humanidade! Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que se encarna vem do espaço para progredir. Tomai conhecimento dos vossos deveres, e ponde todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus: é essa a missão que vos está confiada e da qual recebereis a recompensa, se a cumprirdes fielmente. Vossos cuidados, a educação que lhe derdes, auxiliarão o seu aperfeiçoamento e a sua felicidade futura. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: “Que fizestes da criança confiada à vossa guarda?” Se permaneceu atrasada por vossa culpa, vosso castigo será o de vê-la entre os Espíritos sofredores, quando dependia de vós que fosse feliz. Então vós mesmos, carregados de remorsos, pedireis para reparar a vossa falta: solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ela, na qual a cercareis de mais atentos cuidados, e ela, cheia de reconhecimento, vos envolverá no seu amor.
            Não recuseis, portanto, o filho que no berço repele a mãe, nem aquele que vos paga com a ingratidão: não foi o acaso que o fez assim e que vo-lo enviou. Uma intuição imperfeita do passado se revela, e dela podeis deduzir que um ou outro já odiou muito ou foi muito ofendido, que um ou outro veio para perdoar ou expiar. Mães! Abraçai, pois, a criança que vos causa aborrecimentos, e dizei para vós mesmas: “Uma de nós duas foi culpada”. Merecei as divinas alegrias que Deus concedeu à maternidade, ensinando a essa criança que ela está na Terra para se aperfeiçoar, amar e abençoar. Mas, ah! Muitas dentre vós, em vez de expulsar por meio da educação os maus princípios inatos, provenientes das existências anteriores, entretém e desenvolvem esses princípios, por descuido ou por uma culposa fraqueza. E, mais tarde, o vosso coração ulcerado pela ingratidão dos filhos, será para vós, desde esta vida, o começo da vossa expiação.
            A tarefa não é tão difícil como podereis pensar. Não exige o saber do mundo: o ignorante e o sábio podem cumpri-la, e o Espiritismo vem facilitá-la, ao revelar a causa das imperfeições do coração humano.
            Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior. É necessário aplicar-se em estudá-los. Todos os males têm sua origem no egoísmo e no orgulho. Espreitai, pois, os menores sinais que revelam os germens desses vícios e dedicai-vos a combatê-los, sem esperar que eles lancem raízes profundas. Fazei como o bom jardineiro, que arranca os brotos daninhos à medida que os vê aparecerem na árvore. Se deixardes que o egoísmo e o orgulho se desenvolvam, não vos espanteis de ser pagos mais tarde pela ingratidão. Quando os pais tudo fizeram para o adiantamento moral dos filhos, se não conseguem êxito, não tem do que lamentar e sua consciência pode estar tranqüila. Quanto à amargura muito natural que experimentam, pelo insucesso de seus esforços, Deus reserva-lhes uma grande, imensa consolação, pela certeza de que é apenas um atraso momentâneo, e que lhe será dado acabar em outra existência a obra então começada, e que um dia o filho ingrato os recompensará com o seu amor. (Ver cap. XIII, nº 19)
            Deus não faz as provas superiores às forças daquele que as pede; só permite as que podem ser cumpridas; se isto não se verifica, não é por falta de possibilidades, mas de vontade. Pois quantos existem, que em lugar de resistir aos maus arrastamentos, neles se comprazem: é para eles que estão reservados o choro e o ranger de dentes, em suas existências posteriores. Admirai, entretanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Chega um dia em que o culpado está cansado de sofrer, o seu orgulho foi por fim dominado, e é então que Deus abre os braços paternais para o filho pródigo, que se lança aos seus pés. As grandes provas, — escutai bem, — são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus. É um momento supremo, e é nele sobretudo que importa não falir pela murmuração, se não se quiser perder o fruto da prova e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus, que vos oferece a ocasião de vencer para vos dar o prêmio da vitória. Então quando, saído do turbilhão do mundo terreno, entrardes no mundo dos Espíritos, sereis ali aclamado, como o soldado que saiu vitorioso do centro da refrega.
            De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração. Aquele que suporta com coragem a miséria das privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, esmagadas pela ingratidão dos seus. Oh!, é essa uma pungente angústia! Mas o que pode, nessas circunstâncias, reerguer a coragem moral, senão o conhecimento das causas do mal, com a certeza de que, se há longas dilacerações, não há desesperos eternos, porque Deus não pode querer que a sua criatura sofra para sempre? O que há de mais consolador, de mais encorajador, do que esse pensamento de que depende de si mesmo, de seus próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruindo em si as causas do mal? Mas, para isso, é necessário não reter o olhar na Terra e não ver apenas uma existência; é necessário elevar-se, pairar no infinito do passado e do futuro. Então, a grande justiça de Deus se revela aos vossos olhos, e esperais com paciência, porque explicou a vós mesmos o que vos parecia monstruosidade da Terra. Os ferimentos que recebestes vos parecem simples arranhaduras. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família aparecem no seu verdadeiro sentido: não mais os laços frágeis da matéria que ligam os seus membros, mas os laços duráveis do Espírito, que se perpetuam, e se consolidam, ao se depurarem, em vez de se quebrarem com a reencarnação.
            Os Espíritos cuja similitude de gostos, identidade do progresso moral e a afeição, levam a reunir-se, formam famílias. Esses mesmos Espíritos, nas suas migrações terrenas, buscam-se para agrupar-se, como faziam no espaço, dando origem às famílias unidas e homogêneas. E se, nas suas peregrinações, ficam momentaneamente separados, mais tarde se reencontram, felizes por seus novos progressos. Mas como não devem trabalhar somente para si mesmos, Deus permite que Espíritos menos adiantados venham encarnar-se entre eles, a fim de haurirem conselhos e bons exemplos, no interesse do seu próprio progresso. Eles causam, por vezes, perturbações no meio, mas é lá que está a prova, lá que se encontra a tarefa. Recebei-os, pois, como irmãos; ajudai-os, e, mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo do naufrágio os que, por sua vez, poderão salvar outros.

domingo, 23 de abril de 2017

DEUS

Resultado de imagem para deusDeus é um princípio fundamental para a Doutrina dos Espíritos. "Não há vida, realidade, inteligência senão pela vontade de Deus" (Leocádio J. Correia, 25/09/82). Deus é a causa primeira de todas as coisas (Allan Kardec).
Para o Espiritismo, o entendimento que os homens tem de Deus não está pronto nem é definitivo, está em constante evolução. O conceito de Deus modifica-se com o tempo , resultado de ampliações sucessivas de um conceito inicial, de abordagens complementares que destacaram aspectos diferentes de Deus não considerados até então, e, também, de visões contraditórias que expuseram as limitações de explicações utilizadas em determinado momento. A compreensão de Deus, alcançada por uma pessoa é a possível em face do seu conhecimento e do conhecimento do seu grupo social.
A tradição judaico-cristã é um exemplo. Moisés alcançou a ideia de um Deus que, não sendo mais voluntarioso, estabelecia um contrato, um conjunto de regras a serem obedecidas pelo seu povo. Amós compreendeu que a relação de Deus com o homem seria, embora severa, justa (Deus de justiça). Oséas afirmou que Deus, na sua severidade, sabia perdoar os erros de seus filhos (Deus de perdão). O Deutero Isaías compreendeu que o Deus de Israel era o mesmo de toda a humanidade (Deus único). E Jesus traduziu em ações que todos são iguais perante Deus, e que o amor é a relação básica entre Deus e suas criaturas (Deus de amor).
A visão histórica mostra que vários conceitos de Deus, aceitos em um determinado período, foram sendo abandonados na medida em que deixaram de atender às expectativas das pessoas e de seus grupos sociais. Deus foi aos poucos deixando de ser um deus entre muitos deuses. Deixou de ser o Deus de um só povo, o que comandava os exércitos e esmagava seus inimigos. Deixou de ser o Deus imprevisível em suas ações, que a todos castigava. Deixou de ser o Deus que provocava medo e controlava a vida das pessoas. Deixou de ser o Deus de uma Igreja, refém de concepções doutrinárias e dogmáticas.
No entendimento do Espiritismo, Deus não se relaciona ao mágico, ao místico, ao divinal, ao sacro, ao infinito, ao absoluto. Deus não é matéria, nem energia. Ele não tem uma forma definida. Deus não está restrito a uma pessoa, por mais evoluída que seja, como Jesus. Deus não está no céu. Ele está nos seres mas não se confunde com eles; está nas coisas mas não se confunde com elas.
Deus não prescreve comportamentos, não determina um conjunto de regras a serem seguidas. Logo, não há desobediência à sua vontade, não há pecado. Deus não vigia, não fiscaliza. Ele não pune, não castiga, não determina ou executa sentenças.
Para o Espiritismo, Deus não aceita oferendas, sacrifícios ou promessas. Não concede graça, dom ou favores. Não intercede, não aceita pedidos, não protege alguém em especial. Deus não atua através de milagres.
Deus não está limitado à humanidade, ao planeta Terra ou à Via Láctea. Deus abrange todas as coisas, todos os seres vivos, inteligentes ou não, encarnados ou desencarnados do Universo. Deus se estende pelo Cosmo e o mantém (o Universo organizado e ordenado) — Deus Cósmico.
Para a Doutrina Espírita, o Universo é estruturado, as coisas não ocorrem ao acaso. Em tudo há causalidade, inteligibilidade, significado, padrão. Deus, para o Espiritismo, é a Inteligência Suprema (Allan Kardec).
O objetivo do ser é a evolução, a ampliação de sua consciência através da aquisição de conhecimentos. Ao construir a sua trajetória de vida, o ser inteligente amplia a sua percepção e compreensão da natureza, das coisas, das pessoas, de si mesmo, do Cosmo, da estruturação inteligente do Universo e, em consequência, o seu entendimento de Deus. Deus torna-se evidente na Harmonia de tudo o que existe. Ao se fazer identidade com o Cosmo, se faz identidade com Deus, pois os seres, as coisas, as relações, a harmonia do Universo presentam Deus. Dessa forma, Deus é a totalidade.
A estruturação inteligente do Universo é ampla, plural, variada, abrangendo o número de consciências do universo. O Livre-Arbítrio é parte fundamental do Cosmo e as infinitas possibilidades que surgem de seu exercício estão contidas na estruturação inteligente do Universo.
A compreensão que o ser vai tendo do Cosmo é construída gradativamente e é expressa através de sínteses parciais, limitadas, incompletas. Algumas dessas sínteses parciais foram chamadas de leis de Deus, e muitas vezes entendidas como uma prescrição que deveria ser obedecida de forma rígida, como uma ordem direta de Deus que os homens não deveriam discutir. Com o tempo, no entanto, passou a ser vista como a expressão de uma compreensão, como uma aproximação do entendimento da estrutura inteligente do Universo. As chamadas leis não são prescrições, mas entendimentos. A identidade com Deus não se faz, portanto, pela obediência, mas através de conhecimento, entendimento, sabedoria, consciência.
Todos os seres se relacionam com Deus tal como as criaturas com o Criador. Na medida em que evoluem, ampliam a sua consciência dessa unidade criatura-Criador. Todos os seres criam expressando Deus e nesse sentido pode-se compreender que Deus está presente em todos os seres (Deus onipresente). Pode-se compreender, também, que Deus é consciente através da consciência de todos os seres do universo (Deus onisciente). E, por fim, Deus faz, age, constrói através de suas criaturas. Elas são instrumentos do amor, da justiça, verdade, da evolução. A estruturação inteligente é operada pelas suas criaturas (Deus onipotente)
"Deus é vida, paz, amor, compreensão, inteligência, justiça, caridade suprema, ...onipotência, onipresença, onisciência, verdade universal" (L.J.Correia, 25/09/88).
Deus é a expressão da vida, Deus é a dinâmica da vida. Deus é a unidade que se revela todos os dias quando nos procuramos (Antônio Grimm).
"...estou servindo ao meu Criador?" L.J.Correia
FONTE: SBEE – Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas

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Tríplice aspecto da Doutrina Espírita


Ciência de observação
pelas relações que
estabelece entre nós e
os Espíritos.
Filosofia pelos princípios
morais em que se
...

Princípios Básicos da Doutrina Espírita

Existência de Deus 
Imortalidade da alma 
Pluralidade das existências 
Pluralidade dos mundos habitados 
Comunicabilidade dos espíritos
 
1. Existência de Deus
Deus existe.  É a origem e o fim de tudo.  É o criador, causa de todas as coisas.  Deus é a suprema perfeição, com todos os atributos que a nossa imaginação lhe possa atribuir, e muito mais. 
2. Imortalidade da Alma
Antes de sermos seres humanos, filhos de nossos pais, somos, na verdade, espíritos, filhos de Deus.  O espírito é o princípio inteligente do universo, criado por Deus, simples e ignorante, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços.
Como espíritos, já existíamos antes de nascermos e continuaremos a existir, depois da morte física.
Quando o espírito está na vida do corpo, dizemos que é uma alma ou espírito encarnado.  Quando nasce para este mundo, dizemos que reencarnou; quando morre, que desencarnou. Desencarnado, volta ao plano espiritual ou espiritualidade, de onde veio ao nascer.
Os espíritos são, portanto, pessoas desencarnadas que, presentemente, estão na espiritualidade. 
3. Pluralidade das Existências
Criado simples e ignorante, o espírito é quem decide e cria o seu próprio destino.  Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal.  Desse modo, ele tem possibilidade de se desenvolver, evolucionar, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez melhor, mais perfeito, como um aluno na escola, passando de uma série para outra, através dos diversos cursos.  Essa evolução requer aprendizado, e o espírito só pode alcançá-la encarnando no mundo e desencarnando, quantas vezes necessárias, para adquirir mais conhecimentos, através das múltiplas experiências de vida.
A reencarnação, portanto, permite ao espírito viver inúmeras existências no mundo, adquirindo novas experiências, para se tornar melhor, não só intelectualmente, mas, sobretudo, moralmente, aproximando-se cada vez mais do que estabelecem as Leis de Deus.
Mas, assim como o aluno pode repetir o ano escolar - uma, duas ou mais vezes - o espírito que não aproveita bem sua existência na Terra, pode permanecer estacionário pelo tempo necessário, conhecendo maiores sofrimentos, e atrasando, assim, sua evolução, até que desperte para a necessidade de caminhar em direção ao progresso.
Não podemos precisar quantas encarnações já tivemos e quantas teremos pela frente.  Sabemos, no entanto, que, como espíritos em evolução constante, reencarnaremos quantas vezes sejam necessárias, até alcançarmos o desenvolvimento moral exigido para nos tornamos espíritos puros.
Esquecimento do passado: não nos lembramos das vidas passadas e aí está tambem a sabedoria de Deus.  Se lembrássemos do mal que praticamos ou dos sofrimentos pelos quais passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos,  teríamos infinitas dificuldades para viver em plenitude a vida atual. Ocorre que, frequentemente, os inimigos do passado, hoje são trazidos ao nosso convívio próximo, na condição de filhos, irmãos, pais, amigos, nos oferecendo a oportunidade do resgate, da reconciliação, do amparo mútuo: esta é uma das razões da reencarnação.
Certamente, hoje estamos corrigindo erros praticados contra alguém, sofrendo as consequências de crimes perpetrados, ou mesmo sendo amparados, auxiliados por aqueles que, no pretérito, nos prejudicaram.  Daí a importância da família, onde se costumam reatar os laços cortados em existências anteriores.
A reencarnação, dessa forma, é uma oportunidade de reparação, como é também oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, apressando a própria evolução espiritual.  Quando reencarnamos, trazemos um "plano de vida", compromissos assumidos durante a espiritualidade, perante nós mesmos e nossos mentores espirituais, e que dizem respeito à reparação do mal e à prática de todo o bem possível.  Dependendo de nossas condições espirituais, poderemos ter participado ou não dessas escolhas, optando por provas, sofrimentos, dificuldades ou facilidades, que propiciarão meios para nosso desenvolvimento espiritual.
A reencarnação, portanto, como mecanismo perfeito da Justiça Divina, explica-nos porque existe tanta desigualdade no destino das criaturas na Terra.
Pelos mecanismos da reencarnação, verificamos que Deus não premia ou castiga. Pela misericórdia divina, somos nós os articuladores do próprio destino, por vezes necessitando de sofrimentos que nos instigam à melhora e crescimento, pela lei da "ação e reação"
4.  Pluralidade dos Mundos Habitados
Nem todas as encarnações se verificam na Terra.  Existem mundos superiores e mundos inferiores ao nosso.  Quando evoluirmos, poderemos renascer num planeta de ordem elevada.  O Universo é infinito e "na casa do Pai há muitas moradas", já dizia Jesus.
A Terra é um mundo de categoria moral inferior, haja vista o panorama lamentável em que se encontra a humanidade.  Contudo, ela está sujeita a se transformar numa esfera de regeneração, quando os homens se decidirem a praticar o bem e a fraternidade reinar entre eles.
"Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da Providência.  Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil.  Certo, a esses mundos há de Ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista.  Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos semelhantes." (O Livro dos Espíritos, questão 55) 
5. Comunicabilidade dos Espíritos
Os espíritos são seres humanos desencarnados. Eles são o que eram quando vivos; bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros ou mentirosos.
Eles estão por toda parte.  Não estão ociosos.  Pelo contrário, eles têm as suas ocupações, como nós, os encarnados, temos as nossas.
Não há lugar determinado para os espíritos. Geralmente os mais imperfeitos estão junto de nós, atraídos pela materialidade a qual estão ainda jungidos, e pela similaridade de sentimentos com as quais nos afinizamos.  Não os vemos, pois se encontram numa dimensão diferente da nossa, mas eles podem ver-nos e até conhecer nossos pensamentos.
Os espíritos agem sobre nós, mas essa ação é quase que restrita ao pensamento, porque eles não conseguem agir diretamente sobre a matéria.  Para isso, eles precisam de pessoas que lhes ofereçam recursos especiais: essas pessoas são chamadas médiuns.
Pelo médium, o espírito desencarnado pode comunicar-se, se puder e quiser.  Essa comunicação depende do tipo de mediunidade ou de faculdade do médium: pode ser pela fala (psicofonia), pela escrita (psicografia), etc... Mas, toda e qualquer comunicação não deve ser aceita cegamente; precisa ser encarada com reserva, examinada com o devido cuidado, para não sermos vítimas de espíritos enganadores.  A comunicação depende da conduta moral do médium.  Se for uma pessoa idônea, de bons princípios morais, oferece campo para a aproximação e manifestação de bons espíritos.
É preciso ficar alerta contras as mistificações e contra os falsos médiuns, que tentam iludir o público menos avisado em troca de vantagens materiais.  Por isso, é importante que, antes de ouvir uma comunicação, a pessoa se esclareça a respeito do Espiritismo. 
Fonte: 
- "Iniciação ao Conhecimento da Doutrina Espírita", livreto elaborado pelo CE "Caminho de Damasco" -     Revue Spirite - dez/1868 
- Livro dos Espíritos Allan Kardec


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O Lar - A Escola das Almas

(LAR – FAMÍLIA – CASA)
Por João Batista Armani
Resultado de imagem para lar escola de almasideal seria dizermos: “Lá em Casa, na nossa Família temos um Lar”.
Ao tratarmos desse importante assunto, pretendemos estabelecer paralelos, que venham a esclarecer a realidade exata de cada termo, devido a algumas vezes nos confundirmos, trocando uns pelos outros.
que é casa? A casa é a habitação, o cimento, madeira, tijolos, móveis.
que é a família? São Pessoas aparentadas que vivem em geral, na mesma casa, pai, a mãe, os filhos, genro, nora, avós, etc. A família é um grupo de Espíritos necessitados, em compromisso inadiável, para reparação e crescimento. Existem vários tipos de família conforme a afinidade entre os espíritos que as integram. As afeições reais sobrevivem, permanecendo indissolúveis e eternas. Independente do tipo de família que temos, vamos observar a importância desta instituição e como convivermos melhor dentro dela.
que é lar? O lar é o sentimento de união que envolve a família em prol da harmonia doméstica. Temos então dedicação, renúncia, silêncio, zelo, e tantos outros sentimentos que devotamos àqueles que se unem pela eleição afetiva ou através do impositivo consanguíneo.
Sob esta ótica, podemos então ter uma casa, uma família, mas não termos um lar, se ali não há entendimento.
FUNÇÕES DA FAMÍLIA – (Numa visão sociológica).
BIOLÓGICA: Procriação de filhos para manutenção da espécie.
SOCIALIZAÇÃO: Fornecer condições aos novos seres, de relacionarem-se com a sociedade, preparando-os para a vida.
ECONÔMICA: Transmite noção de valores, comércio, propriedade, herança. Conhecimentos necessários ao crescimento e sustentação econômica das sociedades.
CULTURAL: A transmissão de educação e saber na perpetuação cultural e acompanhamento do progresso, embora não seja exclusividade da família, hoje temos rádio, tv, jornais, revistas, internet, e as ruas.
PSICOLÓGICA: A família é a base na qual se cria a nossa natureza como pessoa nos dando segurança, firmeza e confiança.
ESPIRITUAL: Educação do Espírito (através da orientação); Formação de valores regenerativos (corrigindo tendências equivocadas); Oportunidade evolutiva (adquirindo novos conhecimentos); Desenvolvimento da afetividade e do amor para atingir a dimensão da família universal (desarmando animosidades).
Mas as dificuldades de relacionamento familiar não são de hoje.
O Evangelho de João (C7: V6) afirma que “nem os próprios irmãos de Jesus acreditavam nele”. Mateus (C12: V46), nos relata uma passagem do Cristo:
“Enquanto Jesus ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe.
-  Disse-lhe alguém: Mestre, eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo.
-  Jesus, fitando o seu interlocutor com aquele olhar doce e sereno respondeu: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?
-  E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos, pois todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe...”
Jesus não estava renegando os laços familiares, mas aproveitando a oportunidade para nos trazer mais um de seus ensinamentos, dizendo-nos que existem as famílias espirituais e as famílias consanguíneas. O Mestre considerou seus apóstolos como sendo seus irmãos espirituais, diferentes dos seus irmãos carnais, aos quais estava meramente ligado por laços consanguíneos. Esta passagem busca incentivar a todos nós, a realizarmos um esforço de progresso no bem comum.
Ao demonstrar que o homem é na realidade um Espírito em aprendizado na Terra, a Doutrina Espírita ampliou o conceito de família. Situando-a em bases espirituais o Espiritismo nos apresenta a família como instrumento de progresso, e oferece ao homem um programa de desenvolvimento que pretende enfocá-lo em suas dimensões biológicas, psicológicas, sociais e espirituais. E dentro desse programa são definidos como objetivos gerais: A integração do ser consigo mesmo; A integração com o próximo; A integração com Deus.
O desenvolvimento dessas faculdades pelo contato social tem início no ambiente doméstico aonde o Espírito dá continuidade ao seu aprendizado intelecto-moral. O Espírito reencarnado no seio familiar não é considerado inexperiente, é uma individualidade que traz consigo seus vícios e virtudes de passado. Por isso o processo de desenvolvimento não é começado, mas continuado a cada nova experiência de renascimento.
A perspectiva de integração global do ser consigo mesmo, com o próximo e com Deus, traz para a família uma responsabilidade maior. Traz o conceito de Família Universal, que supõe convívio fraterno entre todos os Espíritos, encarnados e desencarnados, numa cooperação mutua objetivando o progresso conjunto dos seres e das coisas.
Ao Espiritismo coube a tarefa de ampliar o sentido da sociedade humana e fazê-la entrar nessa nova era de progresso moral, aonde os erros de passado se resolvam não mais contra o indivíduo, mas a seu favor e por ele mesmo.
Com a percepção de que "Há no homem alguma coisa a mais, além das necessidades físicas" vem o Espiritismo convidar o indivíduo à vivência do amor verdadeiro cujo exercício começa no ambiente familiar. Exercita-se amizade, carinho, compreensão, cooperação, liberdade, perdão, respeito, solução de conflitos, diálogo franco e aberto, como instrumentos de burilamento.
Surge-nos então a pergunta: Mas de que maneira podemos colocar tais idéias em nossa prática diária, se na família, convivemos com seres tão diferentes e antagônicos?...
Dando o primeiro passo para que a família seja mais feliz. Comece com pequenos gestos, sorria, comprimente os familiares, ore por eles, faça pequenas gentilezas no lar, elogie (com sinceridade), ofereça ajuda. O ideal seria tratarmos os nossos familiares como tratamos às visitas.
No final de um dia de trabalho, o marido chega em casa.
Marido: Hum! Que cheirinho gostoso tem bolo? E como quem conhece o seu lugar na casa pergunta – Quem vem nos visitar?
Mulher: A comadre vem nos visitar, e vai já tirando o olho deste bolo! Você não viu que a casa está limpa? Vá tirar este calçado imundo, ralha a mulher como é de costume.
Chega a comadre e diz: Que casa limpinha, vou tirar o calçado para entrar.
Mulher: Não comadre, não precisa, a casa está suja mesmo, e dá um olhar feroz ao seu marido.
Vão todos para a sala, onde é servido o delicioso bolo.
Comadre: Me deu uma cede repentina, podes me trazer um pouco de água?
Mulher: Temos um suco delicioso, espera que eu já lhe trago.
Marido: Traz para mim também.
Mulher: Deixa de ser preguiçoso homem, levanta daí e vá buscar, diz a mulher com aspereza...
E, assim é que tratamos a maioria de nossos familiares, infelizmente, como se estivéssemos cansados de sua presença...
Além da eliminação das “arestas”, fruto de nossa inferioridade, a vida em família é, também, um ponto de referência que nos ajuda a manter contato com a realidade. As pessoas de nosso convívio apontam nossas falhas, ajudando-nos a corrigirmos os desvios de conduta.
Procuremos meditar sobre essas reclamações, será que eles não tem razão?
Jamais construiremos uma comunidade segura e tranquila sem que o lar se aperfeiçoe. A paz do mundo começa exatamente sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendermos a viver em paz entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações.
O melhor remédio para curar o egoísmo é viver em família. Porque no lar nós vamos compartilhar a vida com pessoas diferentes de nós. Podemos dar como exemplo, um filho que gosta de estudar, outro que não suporta um livro. A esposa prefere férias no litoral, o marido gosta do campo. E todos estão reunidos para um "lar, doce lar".
A família sadia é a que lida com várias verdades possíveis e não com um comportamento em bloco. E necessário haver interesse sobre como cada um se sente nesse convívio e quais as suas necessidades. Respeitar a individualidade característica de cada ser faz parte de uma convivência saudável e harmoniosa. O lar é o lugar sagrado que Deus concedeu às criaturas para que elas pudessem construir os elos do amor que representam o verdadeiro sentido e significado do Evangelho de Jesus.
A nossa conduta fora de casa modifica-se quando temos algum problema dentro da família. Quando começamos o dia com desavenças no lar, ainda que de pequena monta, nosso dia parece que não engrena. Parece que está amarrado, dificultando o nosso deslanche. E aquela desarmonia familiar tende a se reproduzir fora do lar, seja no trânsito, no trabalho ou na escola. Se tivermos harmonia em casa, tudo conspira a nosso favor, sentimos que somos amados, queridos por nossos familiares, e aí o nosso comportamento no meio social tende a ser muito melhor, pois temos uma grande retaguarda de amor em nossa família. Sem a família não há evolução espiritual, ao menos em nosso atual estágio evolutivo.
Na família é que nós encontramos as nossas melhores companhias. Estamos reencarnados entre aqueles espíritos mais indicados ao nosso progresso espiritual. Eles nos trazem as lições ainda não aprendidas. Diante daquele familiar que representa um problema, indague-se qual a lição que a vida esta me trazendo. Paciência? Aceitação? Perdão? Doação?
Portanto vamos amar nossa família do jeito que ela é (esforçando-nos para que ela melhore). E se eles não são aquilo que gostaríamos que fossem, lembremo-nos de que nós podemos também não ser aquilo que eles esperavam.
Além de esclarecer os aspectos morais do Cristianismo sob nova ótica, o Espiritismo nos mostra a necessidade do diálogo franco; a prudência de não apontar a poeira no olho do próximo quando no nosso encontra-se um cisco enorme; a urgência de utilizarmos o perdão como veículo para manutenção do nosso próprio equilíbrio.
Há pessoas (espíritas!) que se opõem à evangelização infantil, alegando que é melhor dar liberdade de escolha em matéria de religião. Quem assim pensa, quão pouco entende da Doutrina, pois está analisando apenas a parte religiosa de seu tríplice aspecto. O Espiritismo não é um amontoado de dogmas nos quais acreditamos cegamente a ser impostos às crianças. O espiritismo é uma filosofia de vida, é uma forma de enxergar a vida. É uma resposta científica, filosófica e moral às dúvidas existenciais do ser. E justamente por essa ótica que é possível fazer os filhos participarem dos problemas da família. É através do exemplo diário, da convivência equilibrada da família com as dificuldades que todos nós enfrentamos, que as crianças aprendem com maior eficácia o valor da fé, da paciência e da perseverança.
Através do estudo do Espiritismo, compreendemos os problemas existenciais, os valores reais da vida, os motivos de nossos sofrimentos e como podemos nos libertar. Além disso, a Doutrina Espírita nos oferece a prece; o passe e a reflexão elevada, que aliados à nossa transformação íntima nos auxiliam na superação de dificuldades.
No princípio, dissemos que poderíamos ter uma casa, uma família, mas não termos um lar, se ali não houvesse entendimento. “Harmonia no lar” é a grande tarefa que se nos apresenta, pedindo esforço e dedicação de cada um em prol do bem comum. É um trabalho de todas as horas.
instrumento ideal para aproximar os familiares é a oração em família. A prática do Evangelho no Lar, num dia marcado, é o cultivo do Evangelho no próprio coração das criaturas. Sintonizemos com essa fonte inesgotável para vencermos (em grupo) os obstáculos do caminho, e para conseguirmos forças e orientação para a construção de um futuro melhor para nós e para a Humanidade.
O ser que não tem uma crença e vive apenas para aproveitar os prazeres do mundo, é como um barco sem motor e sem velas, à mercê dos ventos e das correntes marítimas.
À luz da Doutrina Espírita O MELHOR É CRESCER EM FAMÍLIA, tendo Jesus por companheiro.
Muita Paz.

São José, 02/06/2002.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Em busca da felicidade

Se questionarmos um grupo de pessoas acerca do que significa ser feliz, obteremos respostas as mais diversas.
Alguns dirão que ser feliz significa ter uma vida confortável, sem preocupações financeiras. Outros dirão que a presença dos familiares e amigos já é suficiente para nos trazer felicidade.
Outros, ainda, poderão dizer que ser feliz é encontrar um grande amor, alguém com quem possa dividir os momentos de alegria e os de tristeza. E outros mais dirão que uma saúde perfeita é o que basta para a felicidade.
Outras respostas poderíamos enumerar, sem podermos afirmar qual delas é a mais correta ou a menos errada, pois que não há uma resposta em definitivo.
O Evangelho segundo o Espiritismo, em seu capítulo quinto, nos apresenta a máxima A felicidade não é deste mundo.
Alguns poderiam pensar que tal ensinamento é uma barreira às esperanças que todos temos de encontrar a felicidade verdadeira. Porém, não é esse o propósito da sentença.
Essa verdade traz luz à grande diferença que há entre buscar uma felicidade, por vezes, utópica e ser feliz de verdade.
Há tantos que depositam suas esperanças de felicidade nas ilusões que o dinheiro e as posses materiais podem oferecer.
Passam a vida trabalhando para conquistar um império financeiro e mal percebem o quanto são escravos.
De repente, quando se dão conta, os filhos já cresceram, os pais já partiram, as amizades já se desfizeram e, nesse momento, nem toda a riqueza acumulada é suficiente para lhes trazer a tão sonhada felicidade.
Esquecem-se de que muitas pessoas são verdadeiramente felizes morando em casas singelas, com vidas financeiras limitadas.
A felicidade, portanto, não pode estar nos bens materiais.
Há outros que buscam a felicidade em um grande amor: Quando eu encontrar aquela pessoa especial, serei feliz, dizem eles.
Mas quantas pessoas têm um companheiro ou companheira ao lado e não são felizes? E quantos mais há que, mesmo estando solteiros, possuem sempre uma alegria nos olhos?
Assim, a felicidade não pode estar no outro.
Então, onde encontrar a felicidade? Como ser feliz?
A máxima do Evangelho nos ensina que a felicidade verdadeira é uma conquista do Espírito, pois que todos nós fomos criados para a felicidade eterna.
Tudo o que necessitamos para sermos felizes está em nossos corações.
*   *   *
Se hoje você se decidir por ser feliz, não há nada que possa impedi-lo, a não ser você mesmo.
Então não deixe para amanhã: brinque, sorria, valorize as coisas simples. Acompanhe o crescimento dos filhos, abrace, aperte a mão de quem lhe quer bem.
Não guarde mágoas e deixe no passado qualquer sentimento de culpa. Não se entregue à autopiedade.
Seja otimista. Vibre com as conquistas. Valorize o presente. Planeje o futuro.
Organize-se. Reserve um tempo para você. Reserve um tempo para a família. Reserve um tempo para obras sociais.
E lembre-se: Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.


Redação do Momento Espírita, com base no
item 20, do cap. V, do livro 
O Evangelho segundo o
Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 24.07.2012

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

CARTA DE ANO BOM - Chico Xavier

Entre um ano que se vai
E outro que se inicia,
Há sempre nova esperança,
Promessas de Novo Dia...

Considera, meu amigo,
Nesse pequeno intervalo,
Todo o tempo que perdeste
Sem saber aproveitá-lo.

Se o ano que se passou
Foi de amargura sombria,
Nosso Pai Nunca está pobre
Do pão de luz da alegria.

Pensa que o céu não esquece
A mais ínfima criatura,
E espera resignado
O teu quinhão de ventura.

Considera, sobretudo
Que precisas, doravante,
Encher de luz todo o tempo
Da bênção de cada instante.

Sê na oficina do mundo
O mais perfeito aprendiz,
Pois somente no trabalho
Teu ano será feliz.

Não esperes recompensas
Dos bens da vida terrestre,
Mas, volve toda a esperança
A paz do Divino Mestre.

Nas lutas, nunca te esqueça
Deste conceito profundo:
O reino da luz de Cristo
Não reside neste mundo.

Não olhes faltas alheias,
Não julgues o teu irmão,
Vive apenas no trabalho
De tua renovação.

Quem se esforça de verdade
Sabe a prática do bem,
Conhece os próprios deveres
Sem censurar a ninguém.

Ano Novo!... Pede ao Céu
Que te proteja o trabalho,
Que te conceda na fé
O mais sublime agasalho.

Ano Bom!... Deus te abençoe
No esforço que te conduz
Das sombras tristes da Terra
Para as bênçãos de Jesus.