sábado, 30 de novembro de 2013

Quanto a verdade

Guardes contigo a convicção de que a Verdade não é patrimônio de ninguém em particular.

Todos estamos a caminho da Verdade Integral, de cujo perfeito conhecimento aproximamo-lo a pouco e pouco, através das múltiplas experiências no corpo físico.

Mantenha-se sempre receptivo às novas luzes da Revelação Divina, sem te encarcerares a fanatismos e preconceitos.

Não menosprezes a maneira de pensar de quem quer que seja, procurando compreender que cada um se encontra em determinado degrau evolutivo.

Quando o homem se conscientiza, espontaneamente vislumbra o que antes lhe era vedado enxergar.
O sofrimento amadurece as almas para a Vida, porquanto somente a dor consegue despertar-nos para as realidades do mundo íntimo.

Não queiras forçar os outros a pensarem conforme pensas.

Vive a tua vida e exemplifica a tua verdade , deixando ao tempo a tarefa de convencer os que se trancam dentro de si mesmos, recusando-se a avançar na senda do progresso espiritual.

Não te preocupes em converter ninguém ao teu modo de ser.

Convence-te de que o Amor é mais importante do que a Verdade, porquanto “Deus é Amor”.
São muitos os que conhecem, poucos os que sabem e raros os que amam.

Diante da Verdade, os intelectuais se exaltam, mas os sábios se curvam.
O Estudo, aliado ao Trabalho, é o caminho para a Verdade, mas o Amor é a Luz que te permite contemplá-la.

Por agora, os homens se dividem em diferentes facções religiosas, mas tempo virá em que todos formarão um só rebanho sob a égide do Cristo, Divino Pastor. 
(Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito Irmão José)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O egoísmo

Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade; mas, para isso, mister fora vos esforçásseis por largar essa couraça que vos cobre os corações, a fim de se tornarem eles mais sensíveis aos sofrimentos alheios. A rigidez mata os bons 
sentimentos; o Cristo jamais se escusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso. Quando o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se na Terra a caridade reinasse, o mau não imperaria nela; fugiria envergonhado; ocultar-se-ia, visto que em toda parte se acharia deslocado. O mal então desapareceria, ficai bem certos.
Começai vós por dar o exemplo; sede caridosos para com todos indistintamente; esforçai-vos por não atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias separa, no seu reino, o joio do trigo.
O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem a caridade não haverá descanso para a sociedade humana. Digo mais: não haverá segurança. Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, a vida será sempre uma carreira em que vencerá o mais esperto, uma luta de interesses, em que se calcarão aos pés as mais santas afeições, em que nem sequer os sagrados laços da família merecerão respeito. Pascal. (Sens, 1862.)


(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, item 12.)

Os inimigos desencarnados

Ainda outros motivos têm o espírita para ser indulgente com os seus inimigos. Sabe ele, primeiramente, que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom.
Sabe também que a morte apenas o livra da presença material do seu inimigo, pois que este o pode perseguir com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra; que, assim, a vingança, que tome, falha ao seu objetivo, visto que, ao contrário, tem por efeito produzir maior irritação, capaz de passar de uma existência a outra. Cabia ao Espiritismo demonstrar, por meio da experiência e da lei que rege as relações entre o mundo visível e o mundo invisível, que a expressão: extinguir o ódio com o sangue é radicalmente falsa, que a verdade é que o sangue alimenta o ódio, mesmo no além-túmulo. Cabia-lhe, portanto, apresentar uma razão de ser positiva e uma utilidade prática ao perdão e ao preceito do Cristo: Amai os vossos inimigos. Não há coração tão perverso que, mesmo a seu mau grado, não se mostre sensível ao bom proceder. Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Com um mau proceder, o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento de que a justiça de Deus se serve para punir aquele que não perdoou.
Pode-se, portanto, contar inimigos assim entre os encarnados, como entre os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e subjugações com que tanta gente se vê a braços e que representam um gênero de provações, as quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser, que, por isso; as deve receber com resignação e como conseqüência da natureza inferior do globo terrestre. Se não houvesse homens maus na Terra, não haveria Espíritos maus ao seu derredor. Se, conseguintemente, se deve usar de benevolência com os inimigos encarnados, do mesmo modo se deve proceder com relação aos que se acham desencarnados.
Outrora, sacrificavam-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos. Aos deuses infernais sucederam os demônios, que são a mesma coisa. O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém logra aplacá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, pela caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e, sim, também o de reconduzi-los ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles. É assim que o mandamento: Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da Terra e da vida presente; antes, faz parte da grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, itens 5 e 6.)


sábado, 9 de novembro de 2013

Finalidades do Centro Espírita

            Operar a propagação da Doutrina Espírita para a renovação do homem, eis a função       essencial do Centro Espírita, cujas finalidades derivam da sua natureza de núcleo de estudo, fraternidade, oração e trabalho, com base no Evangelho de Jesus interpretado à luz da Doutrina Espírita.

O Centro deve ser a casa da grande família, onde as crianças, os jovens, os adultos e os mais idosos tenham a oportunidade de conviver, estudar e trabalhar. Os Centros mais estáveis são aqueles em que a família inteira 
parti­cipa, em que as atividades dos adultos, dos jovens e das crianças são integradas. Esses Centros formam assim a grande família, que é a reunião das famílias que neles trabalham.


Como escola da alma que deve ser, onde a oração está presente no processo, cabe ao Centro Espírita promover a educação integral do ho­mem, o estudo sistematizado da Doutrina Espírita e do Evangelho, a evangelização da criança à luz da Doutrina Espírita, a integração do jovem nas tarefas da Casa, o estudo da mediunidade, o atendimento
fra­terno às pessoas que procuram o Centro e a implantação do culto do Evangelho no lar.


O Centro tem por fim o homem espiritual, antes do homem físico, preparando-o para ser um homem de bem no meio social em que atue. O estudo sistematizado é excelente instrumento de formação de recursos humanos necessários à Casa. O estudo da mediunidade visa oferecer orientação segura para as atividades mediúnicas. O diálogo com as pes­soas, o contato direto com os participantes do Centro, para sabermos o que eles desejam fazer, é uma atividade indis­pensável.


O Centro Espírita é também um posto de socorro material e espiri­tual. Seu trabalho no campo assistencial tem por base o lema: "Fora da caridade não há salvação". Nesse sentido, cabe à Casa espírita promo­ver o serviço de assistên­cia social espírita, assegurando suas carac­terísticas beneficentes, preventivas e promocionais, conjugando a ajuda material e a espiritual e fazendo com que este serviço se desen­volva concomitantemente com o atendimento às necessi­dades de evangeli­zação.


Se o Espiritismo é combatido pelas diferentes religiões cristãs no que diz respeito à Doutrina, é tolerado, res­peitado e até ajudado no campo da assistência social, onde desenvolve um trabalho importante. Temos de compreender, contudo, que a caridade, tal como conceituada no item 886 d' O Livro dos Espíritos -- benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas -- constitui algo que transcende a esmola e o mero assistencialismo. Na tarefa espírita, devemos ter em conta que a meta é a evangelização da pessoa; as demais atividades são meios.


Ao promover o serviço de assistência social espírita, o Centro incorpora-se à vida da comunidade, coopera com o poder público e concorre para amenizar e minimizar os problemas sociais e o sofrimento dos menos afortunados. É mais espiritual que material essa assistência, porque visa ensinar o indivíduo a pescar e não apenas dar-lhe o peixe. O espírita não é melhor que os outros: o espírita é apenas diferente no enfoque dos problemas humanos, pois o verda­deiro espírita quer servir, não servir-se, e sabe  que os indivíduos maus estão exercendo seu livre arbítrio contra os outros, agravando o seu futuro, enquanto  os bons exercem seu livre arbítrio a favor dos outros.
 Do: Seminário " O Centro Espírita e suas Dimensões Espirituais" - Coordenador: Astolfo Olegário de  Oliveira Filho

Educai a criança

Um coração de criança
É uma urna de amor, de inocência e esperança.
É um jasmim em botão de imácula pureza
Perfumando o jardim do Amor e da Beleza.
É uma flor aromal.
Uma ave pequenina,
Que nos recorda a luz puríssima, inicial
Da morada divina!
Mas a alma infantil, como leiva de terra.
Guarda, cria e produz aquilo que ela encerra!
Coração original, terra pura e inocente
Que desenvolve em si a boa e má semente.
Se lhe deres o Amor que salva e regenera,
A esperança no Céu que se resigna e espera,
Os exemplos do Bem que esclarece e ilumina,
Os archotes da Fé que sonha e raciocina.
A lição do Evangelho em atos de bondade,
Os perfumes liriais da flor da Caridade.
A Verdade, a Luz e o Amor - a trilogia
Que compõe no Universo os hinos da Harmonia
Vê-la-eis produzir dessas espigas d'ouro
De um dos trigais de abril imensamente louro.
Se lhe derdes, porém, as sementes do vício
Tereis o pantanal, a chaga, o meretrício,
A ferida social que sangra, que supura,
Os venenos letais da Dor e da Amargura!
Em vez do sol que aclara uma vida sublime,
Vereis a lava hostil que favorece o crime.
Educai, educai o coração da infância,
Roubai-o da torpeza do mal e da ignorância.
Plantai no coração dos pobres pequeninos
As árvores do Bem cheias de dons divinos...
Elevai-os na Terra aos píncaros da Luz,
Com os exemplos de Amor da vida de Jesus!
O coração da criança
É um sacrário de amor, de inocência e esperança.
Ponde nesse sacrário a hóstia que transude
A chama da Verdade e a chama da Virtude
E tereis praticado o ensino do Senhor
Que fará deste mundo um roseiral de Amor!
Guerra Junqueiro
(Poema psicografado em 14 de julho de 1933 por Chico Xavier
em Pedro Leopoldo e dedicado a Júlio Leitão)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Perda de Pessoas Amadas e Mortes Prematuras

SANSÃO
Antigo membro da Sociedade  Espírita de Paris, 1863
 
            21
 – Quando a morte vem ceifar em vossas famílias, levando sem consideração os jovens em lugar dos velhos, dizeis freqüentemente: “Deus não é justo, pois sacrifica o que está forte e com o futuro pela frente, para conservar os que já viveram longos anos, carregados de decepções: leva os que são úteis e deixa os que não servem para nada mais; fere um coração de mãe, privando-o da inocente criatura que era toda a sua alegria”.
            Criaturas humanas, são nisto que tendes necessidades de vos elevar, para compreender que o bem está muitas vezes onde pensais ver a cega fatalidade. Por que medir a justiça divina pela medida da vossa? Podeis pensar que o Senhor dos Mundos queira, por um simples capricho, infligir-vos penas cruéis? Nada se faz sem uma finalidade inteligente, e tudo o que acontece tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos atingem, sempre encontraria nela a razão divina, razão regeneradora, e vossos miseráveis interesses representariam umas considerações secundárias, que relegaríeis ao último plano.
            Acreditai no que vos digo: a morte é preferível, mesmo numa encarnação de vinte anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as famílias respeitáveis, ferem um coração de mãe, e fazem branquear antes do tempo os cabelos dos pais. A morte prematura é quase sempre um grande benefício, que Deus concede ao que se vai, sendo assim preservado das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo à perdição. Aquele que morre na flor da idade não é uma vítima da fatalidade, pois Deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na Terra.
            É uma terrível desgraça, dizeis, que uma vida tão cheia de esperanças seja cortada tão cedo! Mas de que esperanças querem falar? Das esperanças da Terra onde aquele que se foi poderia brilhar, fazer sua carreira e sua fortuna? Sempre essa visão estreita, que não consegue elevar-se acima da matéria! Sabeis qual teria sido a sorte dessa vida tão cheia de esperanças, segundo entendeis? Quem vos diz que ela não poderia estar carregada de amarguras? Considerais como nada as esperanças da vida futura, preferindo as da vida efêmera que arrastais pela Terra? Pensais, então, que mais vale um lugar entre os homens que entre os Espíritos bem-aventurados?
            Regozijai-vos em vez de chorar, quando apraz a Deus retirar um de seus filhos deste vale de misérias. Não é egoísmo desejar que ele fique, para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe entre os que não tem fé, e que vêem na morte a separação eterna. Mas vós, espíritas, sabeis que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal. Mães, vós sabeis que vossos filhos bem-aventurados estão perto de vós; sim, eles estão bem perto: seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, vossa lembrança os inebria de contentamento; mas também as vossas dores sem razão os afligem, porque revela uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus.
            Vós que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações de vosso coração, chamando esses entes queridos. E se pedirdes a Deus para os abençoar, sentireis em vós mesmas a consolação poderosa que faz secarem as lágrimas, e essas aspirações sedutoras, que vos mostram o futuro prometido pelo soberano Senhor.
Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. IV