domingo, 27 de janeiro de 2013

Prece - Por alguém que acaba de morrer.


Do Evangelho Segundo o Espiritismo.

59. PREFÁCIO. As preces pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra não objetivam, unicamente, dar-lhes um testemunho de simpatia: também têm por efeito auxiliar-lhes o desprendimento e, desse modo, abreviar-lhes a perturbação que sempre se segue à separação, tornando-lhes mais calmo o despertar. Ainda aí, porém, como em qualquer outra circunstância, a eficácia está na sinceridade do pensamento e não na quantidade das palavras que se profiram mais ou menos pomposamente e em que, amiúde, nenhuma parte toma o coração.

As preces que deste se elevam ressoam em torno do Espírito, cujas ideias ainda estão confusas, como as vozes amigas que nos fazem despertar do sono. (Cap. XXVII, n° l0.)
60. Prece. Onipotente Deus, que a tua misericórdia se derrame sobre a alma de N..., a quem acabaste de chamar da Terra. Possam ser-lhe contadas as provas que aqui sofreu, bem como ter suavizadas e encurtadas as penas que ainda haja de suportar na Espiritualidade!
Bons Espíritos que o viestes receber e tu, particularmente, seu anjo guardião, ajudai-o a despojar-se da matéria; dai-lhe luz e a consciência de si mesmo, a fim de que saia presto da perturbação inerente à passagem da vida corpórea para a vida espiritual. inspirai-lhe o arrependimento das faltas que haja cometido e o desejo de obter permissão pata as reparar, a fim de acelerar o seu avanço rumo à vida eterna bem-aventurada.
N..., acabas de entrar no mundo dos Espíritos e, no entanto, presente aqui te achas entre nós; tu nos vês e ouves, por isso que de menos do que havia, entre ti e nós, só há o corpo perecível que vens de abandonar e que em breve estará reduzido a pó.
Despiste o envoltório grosseiro, sujeito a vicissitudes e à morte, e conservaste apenas o envoltório etéreo, imperecível e inacessível aos sofrimentos. Já não vives pelo corpo; vives da vida dos Espíritos, vida essa isenta das misérias que afligem a Humanidade.
Já não tens diante de ti o véu que às nossas vistas oculta os esplendores da vida no Além. Podes, doravante, contemplar novas maravilhas, ao passo que nós ainda continuamos mergulhados em trevas.
Vais, em plena liberdade, percorrer o espaço e visitar os mundos, enquanto nós rastejaremos penosamente na Terra, à qual se conserva preso o nosso corpo material, semelhante, para nós, a pesado fardo.
Diante de ti, vai desenrolar-se o panorama do Infinito e, em face de tanta grandeza, compreenderás a vacuidade dos nossos desejos terrestres, das nossas ambições mundanas e dos gozos fúteis com que os homens tanto se deleitam.
A morte, para os homens, mais não é do que uma separação material de alguns instantes. Do exílio onde ainda nos retém a vontade de Deus, bem assim os deveres que nos correm neste mundo, acompanhar-te-emos pelo pensamento, até que nos seja permitido juntar-nos a ti, como tu te reuniste aos que te precederam.
Não podemos ir onde te achas, mas tu podes vir ter conosco. Vem, pois, aos que te amam e que tu amaste; ampara-os nas provas da vida; vela pelos que te são caros; protege-os, como puderes; suaviza-lhes os pesares, fazendo-lhes perceber, pelo pensamento, que és mais ditoso agora e dando-lhes a consoladora certeza de que um dia estareis todos reunidos num mundo melhor.
Nesse, onde te encontras, devem extinguir-se todos os ressentimentos. Que a eles, daqui em diante, sejas inacessível, a bem da tua felicidade futura! Perdoa, portanto, aos que hajam incorrido em falta para contigo, como eles te perdoam as que tenhas cometido para com eles.
Nota. Podem acrescentar-se a esta prece, que se aplica a todos, algumas palavras especiais, conforme as circunstâncias particulares de família ou de relações, bem como a posição social que ocupava o defunto.
Se se trata de uma criança, ensina-nos o Espiritismo que não está ali um Espírito de criação recente, mas um que já viveu e que pode, mesmo, já ser muito adiantado. Se foi curta a sua última existência, é que não devia passar de uma completação de prova, ou constituir uma prova para os pais. (Cap.V, n° 21.)
61. (Outra) (1). Senhor onipotente, que a tua misericórdia se estenda sobre os nossos irmãos que acabam de deixar a Terra! Que a tua luz brilhe para eles! Tira-os das trevas; abre-lhes os olhos e os ouvidos! Que os bons Espíritos os cerquem e lhes façam ouvir palavras de paz e de esperança!
(1) Esta prece foi ditada a um médium de Bordéus, na ocasião em que passava pela sua casa o féretro de um desconhecido.
Senhor, ainda que muito indignos, ousamos implorar a tua misericordiosa indulgencia para este irmão nosso que acaba de ser chamado do exílio. Faze que o seu regresso seja o do filho pródigo. Esquece, ó meu Deus, as faltas que haja cometido, para te lembrares somente do bem que haja praticado. Imutável é a tua justiça, nós o sabemos; mas, imenso é o teu amor. Suplicamos-te que abrandes aquela, na fonte de bondade que emana do teu seio.
Brilhe a luz para os teus olhos, irmão que vens de deixar a Terra! Que os bons Espíritos de ti se aproximem, te cerquem e ajudem a romper as cadeias terrenas! Compreende e vê a grandeza do nosso Senhor: submete-te, sem queixumes, à sua justiça, porém, não desesperes nunca da sua misericórdia. Irmão! que um sério retrospecto do teu passado te abra as portas do futuro, fazendo-te perceber as faltas que deixas para trás e o trabalho cuja execução te incumbe para as reparares! Que Deus te perdoe e que os bons Espíritos te amparem e animem. Por ti orarão os teus irmãos da Terra e pedem que por eles ores.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Petições

Irmão X, livro Histórias e Anotações, médium Francisco Cândido Xavier

Diante da Benfeitora desencarnada, que atendia por intermédio do médium, em plena reunião de atividades espirituais, exclamou à senhora, súplice:
-  Irmã Corina, sou Angélica de Seixas... Ainda não sou espírita, mas venho até aqui em grandes necessidades. Ampare-me, por amor de Deus!...
-  Diga, filha – respondeu a entidade benevolente.
A visitante prosseguiu, quase em lágrimas:
- Tanto e tamanhos são os meus problemas, que fiz uma lista de minhas petições. Posso lê-la?
-  Como não?
E dona Angélica, desdobrando larga folha de papel, passou a falar, atenta às notas escritas.
-  Eis o que desejo:
Cura de minha velha nevralgia.
Remédio para meus olhos.
Liquidação da angústia que me persegue.
Esquecimento da tristeza e do tédio que me acompanham.
Medicação para a insônia.
Sossego íntimo.
Dizem que sofro de obsessão e quero livrar-me.
Desaparecimento dos vultos e das vozes que me atormentam.
Recuperação do meu esposo, atacado de hepatite.
Restabelecimento do meu filho Damião, internado em repouso.
Casamento feliz para minha filha Ariléia.
Melhoria do temperamento de meu filho Avelino, que já consumiu dois automóveis, em menos de dois meses.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

BIG BROTHER BRASIL: SINTONIA UMBRALINA

                                                                                                     por Bruno J. Gimenes

Antônio (espírito)

"Esse programa atingiu o seu ápice no que tange à formação de um psiquismo espesso e denso. Agora que por vários anos uma atmosfera de discórdia, sexo, promiscuidade, vaidades excessivas se cristalizaram ao redor desse acontecimento, o plano denso facilmente encontrou condições de utilizar este programa como um irradiador de densidades para todos os seus expectadores.


São muitos anos de brigas, intrigas, sexualidade desvairada e desinteresse por valores mais elevados, o que constrói uma nuvem negra de fluidos maléficos. Ao sintonizar-se com esse acontecimento, o expectador recebe uma volumosa carga de fluídos densos que é engenhosamente manipulada por especialistas das sombras, para que os seus lares sejam lentamente densificados, em especia, pela ressonância mórfica da compreensão do programa e da falta de vínculos espirituais mais fortes por parte de todos que se prendem a essa rotina.


A ignorância cobra o seu preço. A massa de expectadores nem imagina que uma simples sintonia com um programa de TV pode trazer tantas influências negativas aos seus lares, pois não compreendem algumas leis naturais que só podem ser entendidas por seres abertos aos movimentos cósmicos mais sutis.


No plano espiritual, os mensageiros da luz nada podem fazer senão alertar para o fato de que a ligação com valores espirituais é o melhor caminho para uma vida de bem e amor. "Semelhante atrai semelhante" quer dizer que a força que você segue torna-se o seu manancial. Embora a humanidade já tenha conhecimento dos exemplos de grandes seres de luz que já passaram por aqui, bem como já esteja banhada por muito conhecimento universal, são os instintos primitivos que reinam com maior preponderância em relação aos valores espirituais.


Tecnicamente falando, quando um expectador se conecta ao referido programa por vários dias em seguida, e ainda se envolve emocionalmente com os seus acontecimentos, ele começa a formar em seu ambiente e em seu corpo espiritual, formas-pensamento exatamente semelhantes as que estão pairando sobre o local físico da casa onde se reúnem os integrantes do programa televisivo.

Depois da formação dessa energia chamada forma-pensamento, o que está lá dentro da casa também estará na aura da pessoa expectadora, pois, em um processo de simbiose natural, as formas-pensamento tornar-se-ão entidades vivas agindo como organismos pensantes e pulsantes. A considerar que a humanidade como um todo tem enormes desafios no que tange a busca da angelitude de suas almas, e que essa caminhada ainda mostra-se muito longa, é de tal modo, sensato analisar que a hipótese de abandonar o hábito de sintonizar-se com tais programas seja uma alternativa saudável.


As forças negativas que convergem na direção dos expectadores são potencializadas por entidades escurecidas, habitantes de atmosferas sub-umbralinas, muitíssimo interessadas na decadência da raça humana. E, por último, é pertinente evidenciar que tais forças extrafísicas malignas têm como prática a utilização de acontecimentos populares de baixa moral, para a impregnação em massa de estímulos primitivos".


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Associação Médico-Espírita do Brasil


http://www.folhaespirita.com.br/v2/node/581

Desde 1968, com a fundação da Associação Médico-Espírita (AME) de São Paulo, o movimento formado por médicos espíritas vem apresentando à sociedade um novo paradigma para a saúde, um novo modelo fundamentado nas contribuições do Espiritismo. Desde17 de junho de 1995, com o surgimento da AME-Brasil - entidade que congrega todas as AMEs - esse movimento intensificou-se e tem se dado em três frentes: 1) Estudo que engloba Ensino e Divulgação 2) Pesquisa científica; 3) Assistência e solidariedade. Para ser eficaz, esse trabalho tem de estar lastreado no exemplo. Por isso mesmo, os médicos espíritas sabem que não devem descuidar da vivência do amor e da humildade, em suas vidas. Dentro do movimento médico espírita, não há maior nem menor. Os títulos acadêmicos são apenas talentos que devem ser empregados com o respaldo do amor e da humildade. Os modelos para os médicos espíritas tem sido os instrutores da coleção André Luiz, espíritos iluminados que buscam unir amor e sabedoria.

As AMEs reconhecem que ainda são uma minoria muito mini. O movimento médico-espírita é recente, ainda está sendo estruturado e em fase de sedimentação, mas já se pode constatar que cada AME vibra no padrão do seu idealismo, quer dizer, tem características próprias e realiza o trabalho possível.

Por se constituírem em um dos braços científicos do Espiritismo, as AMEs não se consideram e nem se apresentam como movimento de massas. Reúnem o trabalho de poucos na defesa dos seus objetivos, mas nem por isso têm no serviço desses poucos menor entusiasmo ou dedicação em sustentar o ideal. Além de cursos, simpósios, congressos, publicações, as AMEs possuem atividades hospitalares e ambulatoriais, nas quais procuram mesclar medicina e espiritualidade, tendo como prioridade o respeito à religião do paciente.

Algumas AMEs possuem pesquisas científicas em andamento, e outras já concluídas, devidamente publicadas em revistas indexadas no Brasil e no exterior . Hoje, mais de dois terços das universidades norte-americanas têm a disciplina de Medicina e Espiritualidade, quer como matéria opcional, quer como parte integrante de sua grade curricular. Em nosso país, iniciou-se, desde 2004, o primeiro curso opcional de Medicina e Espiritualidade, na Universidade Federal do Ceará, sob a direção da ilustre prof. Dra. Eliane Oliveira. E, desde então, vários outros cursos foram fundados, no Brasil, sob a orientação das AMEs.

Vale lembrar o da Universidade Monteiro Lobato, em Porto Alegre, o da Faculdade Federal de Medicina de Uberaba, o da Universidade de Taubaté (Unitau), de Taubaté (SP), o das Universidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, o da Universidade Santa Cecília, em Santos.

Na luta pela divulgação do novo paradigma, a AME-Brasil lançou três boletins informativos, substituídos, agora, pela revista virtual Saúde e Espiritualidade, de periodicidade trimestral.

Até o momento, a AME-Brasil publicou os livros: Saúde e Espiritismo; Medicina e Espiritismo; Depressão, na Abordagem Médico-Espírita; Vida do Anencéfalo - Aspectos Médicos, Jurídicos, e Espirituais. Especialmente nessa área da bioética, as AMEs têm participado ativamente de campanhas contra o aborto, a eutanásia, as manipulações genéticas, com finalidade eugênica, entre outras. Esta é uma de suas prioridades. Conforme deixou bem claro o instrutor Emmanuel (O Consolador , Questão 1), se a ciência “não deseja continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta necessidade do Espiritismo, cuja finalidade divina é a iluminação dos sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem”.

Um dos projetos prioritários das associações é a implantação dos institutos de saúde, a serem constituídos em parceria com os irmãos dos centros espíritas, e que tem como finalidade confortar e amparar os pacientes com a fluidoterapia. Esses institutos não só permitirão ao médico atuar como passista como também de comprovar cientificamente a excelência da terapêutica complementar espírita.

Embora os recursos de que as AMEs dispõem sejam precários, temos outro projeto prioritário: o da assistência aos irmãos dependentes químicos, especialmente aos mais carentes.

Razão tinha, pois, Allan Kardec, quando afirmou (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 1, Aliança entre Ciência e Religião): “São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo devem receber seu complemento; em que o véu propositadamente deixado sobre algumas partes desses ensinamentos deve ser erguido. A Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o elemento espiritual; a Religião deve reconhecer as leis orgânicas e imutáveis da matéria. Então, essas duas forças, juntas, apoiando-se uma na outra, se ajudarão mutuamente. A Religião, não sendo mais desmentida pela Ciência, adquirirá um poder inabalável, estará de acordo com a razão, já não podendo mais se opor à irresistível lógica dos fatos” (6).

Inspiradas pelos ensinamentos dos Benfeitores Espirituais, as AMEs prosseguem em suas atividades, na tentativa de levar a alma à Medicina, em seu duplo sentido, como objeto de pesquisa, e como fonte de calor humano. Nos seus incentivos constantes aos militantes das AMEs, Dr. Bezerra de Menezes - generoso Patrono - tem afirmado que onde houver um coração que mantenha acesa a chama desse ideal, Jesus aí estará presente, sustentando- o e amparando-o no serviço de amor e sabedoria que é feito em Seu nome.

Que as AMEs prossigam, pois, nessa perseverante disposição de servir! São esses os nossos votos mais sinceros.

domingo, 13 de janeiro de 2013

TREINO PARA A MORTE


Apoio para Estudo do ESDE Tomo Único
Preocupado com a sobrevivência além do túmulo, você pergunta, espantado, como deveria
ser levado a efeito o treinamento de um homem para as surpresas da morte.
A indagação é curiosa e realmente dá que pensar.
Creia, contudo, que, por enquanto, não é muito fácil preparar tecnicamente um companheiro
à frente da peregrinação infalível.
Os turistas que procedem da Ásia ou da Europa habilitam futuros viajantes com eficiência,
por lhes não faltarem os termos analógicos necessários. Mas nós, os desencarnados,
esbarramos com obstáculos quase intransponíveis.
A rigor, a Religião deve orientar as realizações do espírito, assim como a Ciência dirige todos
os assuntos pertinentes à vida material. Entretanto, a Religião, até certo ponto, permanece
jungida ao superficialismo do sacerdócio, sem tocar a profundez da alma.
Importa considerar também que a sua consulta, ao invés de ser encaminhada a grandes
teólogos da Terra, hoje domiciliados na Espiritualidade, foi endereçada justamente a mim,
pobre noticiarista sem méritos para tratar de semelhante inquirição.
Pode acreditar que não obstante achar-me aqui de novo, há quase vinte anos de contado,
sinto-me ainda no assombro de um xavante, repentinamente trazido da selva matogrossense
para alguma de nossa Universidades, com a obrigação de filiar-se, de inopino, aos mais
elevados estudos e às mais complicadas disciplinas.
Em razão disso, não posso reportar-me senão ao meu próprio ponto de vista, com as
deficiências do selvagem surpreendido junto à coroa de Civilização.
Preliminarmente, admito deva referir-me aos nossos antigos maus hábitos. A cristalização
deles, aqui, é uma praga tiranizante.
Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a
volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da
grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não
nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se
devoravam uns aos outros.
Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Tenho visto muitas
almas de origem aparentemente primorosa, dispostas a trocar o próprio Céu pelo uísque
aristocrático ou pela nossa cachaça brasileira.
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Tanto quanto lhe seja possível, evite os abusos do fumo. Infunde pena a angústia dos
desencarnados amantes da nicotina.
Não se renda à tentação dos narcóticos. Por mais aflitivas lhe pareçam as crises do estágio
no corpo, aguente firme os golpes da luta. As vítimas da cocaína, da morfina e dos
barbitúricos demoram-se largo tempo na cela escura da sede e da inércia.
E o sexo? Guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo. Temos aqui
muita gente boa carregando consigo o inferno rotulado de “amor”.
Se você possui algum dinheiro ou detêm alguma posse terrestre, não adia doações, caso
esteja realmente inclinado a fazê-las. Grandes homens, que admirávamos no mundo pela
habilidade e poder com que concretizavam importantes negócios, aparecem, junto de nós,
em muitas ocasiões, à maneira de crianças desesperadas por não mais conseguirem
manobrar os talões de cheque.
Em família, observe cautela com testamentos. As doenças fulminatórias chegam de assalto,
e, se a sua papelada não estiver em ordem, você padecerá muitas humilhações, através de
tribunais e cartórios.
Sobretudo, não se apegue demasiado aos laços consanguíneos. Ame sua esposa, seus
filhos e seus parentes com moderação, na certeza de que, um dia, você estará ausente deles
e de que, por isso mesmo, agirão quase sempre em desacordo com a sua vontade, embora
lhe respeitem a memória. Não se esqueça de que, no estado presente da educação terrestre,
se alguns afeiçoados lhe registrarem a presença extraterrena, depois dos funerais, na certa
intimá-lo-ão a descer aos infernos, receando-lhe a volta inoportuna.
Se você já possui o tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraça.
É horrível a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho, sem equilibrar-se dentro
dele.
Faça o bem que puder, sem a preocupação de satisfazer a todos. Convença-se de que se
você não experimenta simpatia por determinadas criaturas, há muita gente que suporta você
com muito esforço.
Por essa razão, em qualquer circunstância, conserve o seu nobre sorriso.
Trabalhe sempre, trabalhe sem cessar.
O serviço é o melhor dissolvente de nossas mágoas.
Ajude-se, através do leal cumprimento de seus deveres.
Quanto ao mais, não se canse nem indague em excesso, porque, com mais tempo ou menos
tempo, a morte lhe oferecerá o seu cartão de visita, impondo-lhe ao conhecimento tudo
aquilo que, por agora, não lhe posso dizer.

Do Livro Cartas e Crônicas do Irmão X - Psicografia Francisco Cândido Xavier

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O GUIA


Necessitando melhorar conhecimentos de orientação, acompanhei um dia de serviço do guardião Aurelino Piva, Espírito amigo que desempenha a função de guia comum da senhora Sinésia Camerino, dama culta e distinta, domiciliada em elegante setor do mundo paulista.
Cabia-me aprender como ajudar alguém, individualmente, na posição de desencarnado. Auxiliar em esforço anônimo, exercer o amor silencioso e desconhecido.
Cheguei cedo à residência, cujo pequeno jardim a primavera aformoseara. Quatro horas da manhã, justamente quando Aurelino preparava as forças de sua protegida para o dia nascente. Trabalho de humildade e devotamento.
Na véspera, dona Sinésia não estivera tão sóbria ao jantar. Excedera-se em quitutes e licores, mas o amigo espiritual erguia-se em piedosa sentinela e, antes que a senhora reabrisse os olhos no corpo, aplicava-lhe passes de reajuste.
- É preciso que nossa irmã desperte tão hígida quanto possível – explicou-me.
E sorrindo:
- Um dia tranqüilo no corpo físico é uma bênção que devemos enriquecer de harmonia e esperança.
Depois de complicada operação magnética, observei que a tutelada se dispunha a movimentar-se, e esperei. Seis horas da manhã. Aurelino formulou uma prece, rogando ao Senhor lhe abençoasse a nova oportunidade de trabalho e tive a idéia de tornar a escutar-lhe as palavras confortadoras: “um dia tranqüilo no corpo físico é uma bênção...”
A senhora acordou e o benfeitor espiritual postou-se ao lado dela, à feição de pai amoroso, falando-lhe dos recursos imensos da vida que estuavam lá fora, como a buscar-lhe o coração para o serviço com alegria.
Dona Sinésia ouvia em pensamento e, qual se dialogasse consigo mesma, recusava a mensagem de otimismo e respondeu às benéficas sugestões, resmungando: “dia aborrecido, tempo sem graça...”
Nisso, dois meninos altercaram, lá dentro, com a empregada. Bate-boca em família. Dona Sinésia não se mexeu. Sabia que os dois filhos manhosos nada queriam com estudo, nem suportavam qualquer disciplina, mas não deu bola.
Aurelino, porém, correu à copa e eu o acompanhei. O amigo desencarnado apaziguou as crianças e acalmou a servidora da casa, à custa de apelos edificantes. Ajudou os pequenos a encontrarem os cadernos de exercícios escolares que haviam perdido e acompanhou-os até o ônibus.
De volta ao interior doméstico, chegou a vez de se amparar o esposo de Dona Sinésia, que deixara o quarto sob grande acesso de tosse. Bronquite velha. Um guardião espiritual, ligado a ele, auxiliava-o, presto; no entanto, Aurelino pensou na tranqüilidade de sua protegida e entregou-se à tarefa de colaboração socorrista. Passes, insuflações. O chefe da família estava nervoso, abatido.

Aurelino não repousou enquanto não lhe viu o espírito asserenado, diante da empregada, a quem auxiliou de novo, a fim de que o café com leite fosse servido com carinho e limpeza.
Logo após, demandou o grande aposento, em que iniciáramos a tarefa, rogando a Dona Sinésia viesse à copa abençoar o marido com um sorriso de confiança. A dama escutou o convite suplicante, através da intuição, mas ficou absolutamente parada sob os lençóis, e, ouvindo o esposo a pigarrear, na saída, comentou intimamente: “não vou com asma, estou farta”.
Sete horas. Aurelino estugou o passe a fim de sustentar o senhor Camerino, na travessia da rua. Explicou-me que Dona Sinésia precisava de paz e, em razão disso, devia ajudar-lhe o marido com as melhores possibilidades de que dispunha. E, atencioso, deu a ele, na espera da condução, idéias de tolerância e caridade, bom ânimo e fé viva para compreender as suas dificuldades de contador na firma a que se vincula.
Regressamos a casa. Dona Sinésia em descanso. Oito horas, quando se levantou. Aurelino sugeriu-lhe o desejo de tomar água pura e informou-me de que se esmerava em defendê-la contra intoxicações. Magnetizou o líquido simples, dotando-o de qualidades terapêuticas especiais e... continuaram serviços e preocupações.
Trabalho de proteção para Dona Sinésia, em múltiplas circunstâncias pequeninas suscetíveis de gerar grandes males; apoio à empregada de Dona Sinésia, para que não falhassem minudências na harmonia do lar; remoção de obstáculos a fim de que contratempos não viessem perturbar a calma de Dona Sinésia; socorro incessante às crianças de Dona Sinésia, ao retornarem da escola; cooperação indireta para que Dona Sinésia escolhesse os pratos capazes de lhe assegurarem a necessária euforia orgânica; inspirações adequadas de modo a que Dona Sinésia encontrasse boas leituras; amparo constante ao senhor Camerino, tanto quanto possível, a fim de que Dona Sinésia não se afligisse...
Enfim, Dona Sinésia, sem a obrigação de ser agradecida, já que não identificava os benefícios contínuos que recebia, teve um dia admirável, enquanto Aurelino e eu estávamos realmente estafados, não obstante a nossa condição de Espíritos sem corpo físico.
À noite, porém, justamente quando Aurelino se sentou ao meu lado para dois dedos de prosa, Dona Sinésia, desatenta, feriu o polegar da mão esquerda com a agulha que manejava para enfeitar um vestido. Bastou isso e a senhora desmandou-se aos gritos:
- Oh! Meu Deus! Meu Deus!... Ninguém me ajuda! Vivo sozinha, desamparada!... Não há mulher mais infeliz do que eu!...
Positivamente assombrado, espiei Aurelino, que se mantinha imperturbável, e observei:
- Que reação é esta, meu amigo? Dona Sinésia recolheu socorro e bênçãos durante o dia inteiro!... Como justificar este ataque de cólera por picadela sem importância nenhuma?!...
Aurelino, entretanto, sorriu e falou paciente:
- Acalme-se, meu caro. Auxiliemos nossa irmã a reequilibrar-se. Esta irritação não há de ser nada. Ela também, mais tarde, vai desencarnar como nós, e será guia...

Irmão X
Do livro: ‘Estante da Vida’ – médium Francisco Cândido Xavier

domingo, 6 de janeiro de 2013

Bases para nossa Reforma Íntima



A maior dificuldade para se fazer a tão falada Reforma Íntima é justamente saber o que devemos nos reformar – o que está de errado em nós? A partir daí então, devemos passar para outra grande dificuldade que é praticar a Reforma em nossa personalidade, em nosso modo de agir e até mesmo no pensar.
Porém essa semana em uma vídeo-palestra de Raul Teixeira pela Federação Espírita do Paraná consegui um roteiro para nossa reforma íntima:
1) Falar sempre de forma INATACÁVEL;
2) Não tomar nada como pessoal;
3) Não fazer suposições ;
4) Fazer o melhor que pudermos com o máximo de nós.
Parece simples, mas não é:
Quantas vezes não comentamos sobre alguém, atacando aquela pessoa com suas más características, más tendências ou condutas; quantas vezes não agredimos diretamente o próximo, geralmente um familiar ou companheiro?
Quantas vezes recebemos críticas que poderiam ser usadas para o nosso melhoramento e levamos para o lado pessoal ficando ainda magoado com aquela pessoa.
Quantas vezes criamos suposições a respeito das pessoas e quando verificamos é algo totalmente diferente.
Quantas vezes deixamos a preguiça adiar projetos, ou entramos em atividades sem a dedicação merecida resultando fracassos profissionais e pessoais!
Independente de crença somos convidados para nossa evolução diariamente em nossas relações na família e no trabalho. Exerçamos nossas vivências diárias para benefício próprio, não atacando ninguém de forma verbal, não tomando nada como pessoal, sem fazer suposições, fazendo sempre o melhor que pudermos sem ultrapassar nossos limites.
“Ante as dificuldades do cotidiano, exerçamos a paciência, não apenas em auxílio aos outros, mas igualmente a favor de nós mesmos.” (Emmanuel. Livro Encontro Marcado.
)

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

ANÁLISE, APRECIAÇÃO, CRÍTICA - José Passini

Qualquer obra ao ser exposta ao público fica sujeita à análise, à apreciação, à crítica, da parte daqueles que a examinam, seja ela uma escultura, uma música, uma pintura ou uma página literária.
No mundo da literatura, há até a atividade normal de pessoas que se especializam em crítica
literária, exercendo-a, sem que os autores de artigos ou de livros, sintam-se ofendidos por verem suas idéias, suas posições, ou opiniões serem analisadas, criticadas, contestadas, desde que através de linguagem compatível com a ética e com o respeito.
Esses trabalhos de crítica literária são, não raro, usados em estudos levados a efeito em academias de letras, ou em cursos universitários de língua e literatura, com real proveito para aqueles que se entregam ao aprendizado da arte de bem escrever, seja num Curso de Letras, seja num de Comunicação Social.
Tendo consciência de que haverá aqueles que analisarão e darão a público sua apreciação sobre aquilo que publica, o autor, por certo, preocupar-se-á com o que diz, e como o diz, ou seja, com o conteúdo e com a forma.
No meio espírita, infelizmente, isso não se dá. Atualmente, assiste-se a uma verdadeira avalancha de obras, na maioria mediúnicas, cheias de inovações, de revelações, de modismos, sem que haja espaço na imprensa espírita para uma apreciação séria, clara, fraterna, a respeito de conteúdos altamente duvidosos, que são levados a público como se fossem verdades reveladas.
Paulo, a maior autoridade em assuntos mediúnicos nos tempos apostólicos, conforme se constata nos caps. 12 e 14 da sua Primeira Carta aos Coríntios, dentre outras orientações, recomenda: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.”1 Sábio conselho, repetido reiteradamente mais tarde na obra de Kardec, destina-se à prevenção contra o deslumbramento, a vaidade, à atuação de Espíritos enganadores no intercâmbio mediúnico. Cuidado semelhante pode-se observar também em João: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.”2
Será que estamos esperando que aqueles que combatem o Espiritismo venham trazer a público certos absurdos que estão sendo publicados ante a comunidade espírita ompletamente silente, sem que tenhamos meios de demonstrar-lhes que certas “revelações” foram contestadas? Ou será que foi esquecido o brocardo: “Quem cala, consente.”? Será que Kardec não sairia hoje em defesa dos verdadeiros postulados espíritas? Ou calar-se-ia, receando desagradar pessoas? Onde podemos situar a recomendação de Erasto:
“Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.”3
A Federação Espírita Brasileira e várias outras editoras são entidades de utilidade pública e que, coerentemente com o que ensina o Espiritismo, não visam a lucros. Malgrado esses nobres exemplos, instalaram-se inúmeras editoras que aí estão a divulgar obras que contrariam frontalmente os postulados espíritas, através de publicações que, embora declarem serem os recursos obtidos destinados a entidades assistenciais – o que jamais deve influir na análise doutrinária das publicações – agem como entidades meramente comerciais, colocando o lucro acima do ideal da divulgação.
O médium, autor material dessas obras, por vezes é pessoa bondosa, bem intencionada, até
promotora de nobres atividades no âmbito da assistência social. Mas o seu trabalho nesse setor será suficiente para legitimar sua produção mediúnica, transformando-a em livros? Lamentavelmente, há aqueles que confundem caridade com pieguismo. Dizem que não se pode ir contra um irmão. Ninguém, em sã consciência deve criticar o autor, mas sim a obra. Aquele deve ser preservado, em nome do respeito que se deve ter para as suas boas intenções, mas esta deve ser analisada, dissecada. Essa maneira de agir aprende-se com Jesus, que nunca atacava o pecador, mas o pecado.
Nesse contexto, deve ser ressaltada a responsabilidade daqueles que dirigem estabelecimentos espíritas, sejam centros ou livrarias, no sentido de fazerem a devida seleção do material escrito divulgado no recinto da instituição. Muito maior do que a preocupação com o conteúdo da exposição oral, deve ser o cuidado com o material impresso entregue ao público, seja livro ou folheto avulso, pois um livro adquirido, ou tomado por empréstimo, numa instituição espírita – principalmente para o leigo – , será tomado como
legítimo.
Entretanto, há dirigentes que se abrigam sob a capa de uma falsa caridade em relação aos autores, omitindo-se quanto a um cuidadoso exame, deixando de ler, ou de colocar nas mãos de irmãos responsáveis para que sejam analisadas, muitas obras que estão aí a tentarem desmentir a seriedade da mensagem espírita, permitindo que seja ela apresentada na forma de romances, relatos, “revelações”, em linguagem que absolutamente não condizem com a seriedade e com a nobreza da Doutrina que herdamos de Kardec.
1. I Co, 14: 29
2. I Jo, 4: 1
3. O Livro dos Médiuns, 230