quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O Perispírito

O perispírito, também conhecido como corpo fluídico dos Espíritos e “[…] que une o corpo e o Espírito, é uma espécie de envoltório  semi-imaterial. A morte é a destruição do envoltório grosseiro [corpo físico]. O Espírito conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode se tornar acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede nos fenômenos das aparições.1
A matéria que constitui o corpo físico e o perispírito é “[…] um dos mais importantes produtos do fluido cósmico […]. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm, pois, origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes.”2
Os elementos que formam o perispírito é retirado do meio ambiente onde vive o Espírito, encarnado ou desencarnado. “Participa ao mesmo  tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte.[…]  É o princípio  da vida orgânica, porém não o da vida intelectual, que reside no Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores.No corpo, essas sensações estão localizadas nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam gerais.” 3
O perispírito não é igual em todas as pessoas, ainda que os elementos constituintes sejam os mesmos. “[…] A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel prazer e, por conseguinte, não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. O envoltório fluídico de alguns deles, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, é  ainda pesado demais, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio. Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos [encarnados].” 4
Outro ponto, não menos importante: “Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos.”5
Importa considerar que o “[…]  perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a força da vontade podem dilatar mais ou menos.”5 Tal propriedade, chamada expansibilidade, permite que as pessoas se comuniquem entre si e permutem, à revelia, impressões, sentimentos e até pensamentos. 6
“É por meio da perispírito que os Espíritos atuam sobre a matéria inerte  e produzem os diversos fenômenos mediúnicos.” 7 Da mesma forma, comunicam-se com os encarnados, transmitem-lhes bons ou maus pensamentos, de acordo com o grau de moralidade que possuem, ou transmitem informações corretas ou equivocadas, segundo o conhecimento que tenham. Produzem obsessões e são capazes de se imiscuir na vida dos  que vivem no plano físico.
POR: Marta Antunes Moura
Referências
  1. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Introdução VI, p.37.
  2. _____. A gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. XIV, item 7.
  3. _____. O Livro dos Espíritos. Op. Cit., questão 257, p. 225.
  4. _____. A gênese.  Op. Cit. Item 9.
  5. _____. Obras póstumas. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.  Primeira parte. Cap: Manifestações dos Espíritos. Item 1: O perispírito como princípio das manifestações, n.º 12.
  6. _____. N.º 11.
  7. _____. N.º 13.

Separação da alma e do corpo

A desencarnação não é igual para todos 
1. A certeza da vida futura não exclui as apreensões do homem quanto à desencarnação. Há muitos que temem não propriamente a vida futura, mas o momento da morte. Será ele doloroso? Tentando elucidar essas questões, Kardec inquiriu os Espíritos e deles recebeu a informação de que o corpo quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da morte e que os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte são um gozo para o Espírito. 
2. É preciso, no entanto, que consideremos que a desencarnação não é igual para todos e que, ao contrário, há uma variação muito grande, tão grande quanto as diferentes formas de viver adotadas pelos encarnados. Vendo-se a calma de alguns moribundos e as convulsões terríveis de outros, pode-se previamente julgar que as sensações experimentadas nem sempre são as mesmas. 
3. A separação da alma é feita de forma gradual, pois o Espírito se desprende pouco a pouco dos laços que o prendem, de forma que as condições de encarnado ou desencarnado, no momento do desenlace, se confundem e se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as duas. 
4. Alguns fatores podem influir para que o desprendimento ocorra com maior ou menor facilidade, fatores que estão relacionados com o estado moral do homem quando encarnado. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego do indivíduo à matéria, que atinge o seu ponto máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusivamente à vida de gozos materiais. Ao contrário disso, nas almas puras – que antecipadamente se identificam com a vida espiritual – o apego é quase nulo. 
O desprendimento da alma jamais é brusco, mas gradual 
5. Em se tratando de morte natural resultante da extinção das forças vitais por velhice ou enfermidade, o desprendimento opera-se suavemente. Para o homem cuja alma se desmaterializou e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já começa a penetrar a vida espiritual, apenas ligado à matéria por elo tão frágil que se rompe com a última pancada do coração. 
6. No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo que do Espírito, e para quem a vida espiritual nada significa, tudo contribui para estreitar os laços materiais e, quando a morte se aproxima, o desprendimento, embora também se opere gradualmente, demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes, e outras vezes se agarra ao corpo, do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula. 
7. O desconhecimento da vida espiritual faz com que o Espírito se apegue à vida material, estreitando os seus horizontes e resistindo com todas as forças, conseguindo prolongar a vida e, conseqüentemente, a sua agonia, por dias, semanas ou meses. Em tais casos, a morte não implica o fim da agonia, pois a perturbação continua e ele, sentindo que vive, sem saber definir seu estado, sente e se ressente da doença que pôs fim aos seus dias, permanecendo com essa impressão indefinidamente, uma vez que continua ligado à matéria por meio de pontos de contato do perispírito com o corpo.  
8. Dá-se o contrário com o homem que se espiritualizou durante a vida. Depois da morte, nem uma só reação o afeta. Seu despertar na vida espiritual é como quem desperta de um sono tranqüilo, lépido, para iniciar uma nova fase de sua vida.  
No suicídio, a separação da alma é bastante dolorosa 
9. Nas mortes violentas, como nos acidentes, nenhuma desagregação teve início antes da separação do perispírito. Nesse caso, o desprendimento só começa depois da morte e seu término não ocorre rapidamente. O Espírito fica aturdido, não compreende o seu estado, permanecendo na ilusão de que vive materialmente por período mais ou menos longo, conforme o seu nível de espiritualização. 
10. Nos casos de suicídio, a separação da alma é extremamente dolorosa. Constituindo o suicídio um atentado contra a vida, o sofrimento quase sempre permanece por período igual ao tempo em que o Espírito deveria estar encarnado. Além disso, as dores da lesão física provocada repercutem no Espírito. A decomposição do corpo e sua destruição pelos vermes são sentidas em detalhes pelo Espírito desencarnado, conquanto tal fato não constitua regra geral. Há ademais o remorso, gerando sofrimento moral para aquele que decidiu desertar da vida. 
11. O espírita sério, adverte-nos Kardec, não se limita a crer, porque compreende, e compreende, porque raciocina. A vida futura é para ele uma realidade que se desenrola incessantemente aos seus olhos, uma realidade que ele toca e vê a cada passo e de tal modo que a dúvida não pode ter guarida em sua alma. A existência corporal, tão limitada, amesquinha-se diante da vida espiritual. Que lhe importam os incidentes da jornada, se compreende a causa e a utilidade das vicissitudes humanas quando suportadas com resignação? 

12. A alma se eleva então em suas relações com o mundo visível; os laços fluídicos que o ligam à matéria enfraquecem-se, operando por antecipação um desprendimento parcial que facilita a passagem para a outra vida. A perturbação conseqüente à transição pouco perdura, porque, uma vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada estranhando, mas antes compreendendo a sua nova situação. 

FONTE:
http://www.oconsolador.com.br/ano2/75/esde.html 
Por THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br Curitiba, Paraná (Brasil)