domingo, 23 de junho de 2013

Solidão

Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidão é , na atualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem. 

A necessidade de relacionamento humano, como mecanismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensíveis e em todos quantos enfrentam problemas para um intercâmbio de idéias, uma abertura emocional, uma convivência saudável. 

Enxameiam, por isso mesmo, na sociedade, os solitários por livre opção e aqueloutros que se consideram marginalizados ou são deixados à distância pelas conveniências dos grupos. 

A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada, para deter-se em labores a benefício de outrem. 

O atropelamento pela oportunidade do triunfo impede que o indivíduo, como unidade essencial do grupo, receba consideração e respeito ou conceda ao próximo este apoio, que gostaria de fruir. 

A mídia exalta os triunfadores de agora, fazendo o panegírico dos grupos vitoriosos e esquecendo com facilidade os heróis de ontem, ao mesmo tempo que sepultam os valores do idealismo, sob a retumbante cobertura da insensatez e do oportunismo. 

O homem, no entanto, sem ideal, mumifica-se. O ideal é-lhe de vital importância, como o ar que respira. 

O sucesso social não exige, necessariamente, os valores intelecto-morais, nem o vitalismo das idéias superiores, antes cobra os louros das circunstâncias favoráveis e se apóia na bem urdida promoção de mercado, para vender imagens e ilusões breves, continuamente substituídas, graças à rapidez com que devora as suas estrelas. 

Quem, portanto, não se vê projetado no caleidoscópio mágico do mundo fantástico, considera-se fracassado e recua para a solidão, em atitude de fuga de uma realidade mentirosa, trabalhada em estúdios artificiais. 

Parece muito importante, no comportamento social, receber e ser recebido, como forma de triunfo, e o medo de não ser lembrado nas rodas bem sucedidas, leva o homem a estados de amarga solidão, de desprezo por si mesmo. 

O homem faz questão de ser visto, de estar cercado de bulha, de sorrisos embora sem profundidade afetiva, sem o calor sincero das amizades, nessas áreas  sempre superficiais e interesseiras. O medo de ser deixado em plano secundário, de não ter para onde ir, com quem conversar, significaria ser desconsiderado. atirado à solidão. 

Há uma terrível preocupação para ser visto, fotografado, comentado, vendendo saúde, felicidade, mesmo que fictícia. 

A conquista desse triunfo e a falta dele produzem solidão. 

O irreal, que esconde o caráter legítimo e as lidimas aspirações do ser, conduz à psiconeurose de auto-destruição. 

A ausência do aplauso amargura, face ao conceito falso em torno do que se considera, habitualmente como triunfo. Há terrível ânsia para ser-se amado, não para conquistar o amor e amar, porém para ser objeto de prazer, mascarado de afetividade. Dessa forma, no entanto, a pessoa se desama, não se torna amável nem amada realmente. 

Campeia, assim, o "medo da solidão , numa demonstração caótica de instabilidade emocional do homem, que parece haver perdido o rumo, o equilíbrio. 

O silêncio, o isolamento espontâneo, são muito saudáveis para o indivíduo, podendo permitir-lhe reflexão, estudo, auto-aprimoramento, revisão de conceitos perante a vida e a paz interior. 

O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, talvez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda. 

Os campeões de bilheteira, nos shows, nas rádios, televisões e cinemas, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios, cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão. 

Suicídios espetaculares, quedas escabrosas nos porões dos vícios e dos tóxicos comprovam quanto eles são tristes e solitários. Eles sabem que o amor, com que os cercam, traz, apenas, apelos de promoção pessoal dos mesmos que os envolvem, e receiam os novos competidores que lhes ameaçam os tronos, impondo-lhes terríveis ansiedades e inseguranças  que procuram esconder no álcool, nos estimulantes e nos derivativos que os mantém sorridentes, quando gostariam de chorar, quão inatingidos, quanto se sentem fracos e humanos. 

A neurose da solidão é doença contemporânea, que ameaça o homem distraído pela conquista dos valores de pequena monta, porque transitórios. 

Resolvendo-se por afeiçoar-se aos ideais de engrandecimento humano, por contribuir com a hora vazia em favor dos enfermos e idosos, das crianças em abandono e dos animais, sua vida adquiriria cor e utilidade, enriquecendo-se de um companheirismo digno, em cujo interesse alargar-se-ia a esfera dos objetivos que motivam as experiências vivenciais e inoculam coragem para enfrentar-se, aceitando os desafios naturais. 

O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, é alguém que se receia encontrar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado. 

A velha conceituação de que todo aquele que tem amigos não passa necessidades, constitui uma forma desonesta de estimar, ocultando o utilitarismo sub-reptício, quando o prazer da afeição em si mesma deve ser a meta a alcançar-se no inter-relacionamento humano, com vista à satisfação de amar. 

O medo da solidão, portanto, deve ceder lugar, à confiança nos próprios valores, mesmo que de pequenos conteúdos, porém significativos para quem os possui. 

Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, ao sugerir o "amor ao próximo como a si mesmo" após o "amor a Deus" como a mais importante conquista do homem, conclama-o a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se, de modo a plenificar-se com o que é e tem, multiplicando esses recursos em implementos de vida eterna, em saudável companheirismo, sem a preocupação de receber resposta equivalente. 

O homem solidário, jamais se encontra solitário. 

O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado. 

Possivelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior. 

A fé no futuro, a luta por conseguir a paz íntima - eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja.

Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Do livro: O Homem Integral

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Cabe-nos não desanimar - Bezerra de Menezes

MENSAGEM DO ESPÍRITO BEZERRA DE MENEZES RECEBIDA NO ENCERRAMENTO DA 59ª SEMANA ESPÍRITA DE VITÓRIA DA CONQUISTA, PELO MÉDIUM DIVALDO PEREIRA FRANCO, NA TARDE DE 09 DE SETEMBRO DE 2012.
 Cabe-nos não desanimar, prosseguir com o espírito voltado para o bem, de tal forma, que as paixões primitivas cedam lugar às peregrinas virtudes descendentes do amor.  Desesperada, a criatura humana suplica misericórdia, e os céus generosos fazem chover sobre a terra as messes de misericórdia e de encorajamento para a vida. Não vos deixeis contaminar pelos desequilíbrios que grassam, pelo vírus do horror, que leva a vida aos patamares mais sofridos. Erguei-vos em pensamento e em ação Àquele que nos prometeu estar conosco em qualquer circunstância para que pudéssemos ter vida e vida em abundância. Filhos da alma, vossos guias espirituais adejam ao vosso lado como  aves sublimes de ternura, aguardando a oportunidade de manter convosco intercâmbio iluminativo. Não vos permitais o luxo da negativa às suas inspirações gloriosas. Não recalcitreis ante o espinho cravado nas carnes da alma de que necessitais momentaneamente. Desde quando conhecestes Jesus, tendes o dever de demonstrar-lhe fidelidade e amor, basta-vos abrir os sentimentos de fraternidade e de misericórdia para com todos aqueles que sofrem, perdoando-vos os equívocos e perdoando as agressões que vos chegam ameaçadoras. Ninguém a sós, em nome desses espíritos espíritas, que comparecem a este evento há cinquenta e nove anos sucessivamente. Nós vos conclamamos à diretriz de segurança para uma existência de paz. Amar! Sede vós aqueles que amam. Rejeitados, menosprezados e até perseguidos, aureolai-vos no amor para que se exteriorizem os sentimentos sublimes do Cordeiro de Deus e em breve possamos ver  bebendo no mesmo córrego, o lobo e o cordeiro, os bons e os ainda maus, fascinados  pela água pura do Evangelho libertador. Ide em paz, meus filhos, retornai aos vossos lares e buscai a luz da verdade que dissipa a ignorância  e que anula a treva.  Jesus conta convosco na razão direta em que com Ele contamos. 
Abençoe-nos o incomparável amigo Jesus e dê-nos a sua bênção de paz. 
Com muito carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre, 
Bezerra.
Muita paz!

(Mensagem psicofônica ditada pelo Espírito Adolfo Bezerra de Menezes, por intermédio do médium Divaldo Pereira Franco, no momento do encerramento da sua conferência da 59ª Semana Espírita de Vitória da Conquista, no dia 09 de setembro de 2012.)

sábado, 15 de junho de 2013

Problemas de Direção

Muita gente procede assim, por falta de uma palavra amiga que lhe favoreça a direção.
Quantas vezes, nós próprios anestesiamos a noção de responsabilidade ao elixir da conveniência e teremos procedido também desse modo, em estâncias do passado, diante das tarefas renovadoras de outras reencarnações?
Nenhuma intenção de fazer pejorativa a identificação do companheiro de ideal e trabalho a que podemos designar como sendo meio-espírita, de vez que o nosso propósito é aquele dos irmãos empenhados em elevar o nível de rendimento da família na prosperidade doutrinária.
Os espíritas de metade existem e decerto que grande merecimento possuem pelas qualidades respeitáveis que já apresentam, mas devemos ajudá-los através da oração a complementarem as realizações edificantes que se encontram intimados a fazer.
São eles habitualmente pessoas convictas das realidades do espírito; contudo, não se apercebem da importância disso, exaltando fenômenos e não levantando sequer uma palha na divulgação da verdade.
Acreditam que é preciso trabalhar nas boas obras e nunca se animam a mínima tarefa.
Destacam a excelência da seara espírita e recusam qualquer compromisso de trabalho dentro dela.
Fogem de colaborar na ação construtiva, e, se encontram confrades zelosos e disciplinados em serviço, costumam interpretá-los por irmãos tendentes a fanatismo e covardia.
Estão invariavelmente prontos a receber o socorro do passe ou do amparo espiritual e são alérgicos aos aborrecimentos, mesmo pequeninos, quando se trata de prestarem algum auxílio aos outros.
Dizem-se prudentes e se fazem tão arredios da edificação espírita, em nome da prudência, que chegam a entravar o passo de numerosos irmãos dispostos a trabalhar.
Aceitam os preceitos espíritas, mas habituam-se, de tal maneira, a seguir os preconceitos do mundo, que chegam a abraçar as piores diretrizes sociais, sob a alegação de que a fraternidade precisa estar com todos.
Revelam-se por excelentes conversadores, destacando a verdade com o verbo quente e expressivo nas horas de céu calmo; todavia esmorecem na palavra frouxa e morna, quando as nuvens borrascosas da mentira exigem o testemunho da verdade.
Reflitamos no assunto e pausemos para auto-exame. Reconheçamos a grandeza da redentora Doutrina dos Espíritos que nos traz as bênçãos de Jesus por inteiro. Evitemos a nossa classificação deficitária de aprendizes com aproveitamento de metade que, ao invés de situar-nos no caminho do meio, nos deixa para trás, no meio do caminho.

(Londres, Inglaterra, 10, Aposto, 1965.)
Livro Entre Irmãos de outras terras, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB

O HOMEM DE BEM

Segundo Allan Kardec, na questão 918 de O Livro dos Espíritos (LE) e no capítulo XVII, item 3, de O Evangelho segundo o Espiritismo (ESE) “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.
Se desejarmos sintetizar essa bela mensagem de Allan Kardec sobre o homem de bem, basta-nos refletir acerca do conteúdo desse primeiro parágrafo. Tudo o mais que vem a seguir decorre do que ele contém. Podemos mesmo afirmar que já a primeira frase traz a norma máxima da vida do homem de bem: o cumprimento da lei de justiça, de amor e de caridade.
Já lemos e ouvimos muitas vezes a recomendação de que o segredo da felicidade é contribuir para a felicidade alheia, mas infelizmente ainda trazemos enraizado em nosso íntimo o desejo de que nos façam felizes. Exemplos: 1) o casal de namorados espera; um do outro, que o faça feliz e ambos esquecem que a felicidade consiste em dar cada qual o melhor de si em prol da felicidade alheia; 2) a família, a começar pelo marido e a mulher: quantas vezes, os segredos mais íntimos do casal acabam tornando-se conhecidos de muita gente?
Quantos lares são desfeitos em virtude da falta de fidelidade, jurada antes e no momento festivo das núpcias? E os maus exemplos que são presenciados pelos filhos, desde bem pequeninos? Vícios, conversas desrespeitosas sobre a vida alheia, discussões e até mesmo agressões são entraves à boa educação, que deve começar no lar.
Como se pode constatar, o cumprimento dessa lei em “sua maior pureza” não é fácil. Mas quando um único Espírito se ilumina, arrasta consigo uma multidão desejosa de seguir lhe os passos.
A outra parte do parágrafo inicial sobre o “homem de bem” refere-se a “interrogar a consciência”, ato dos mais louváveis, pois é nela que está impressa a Lei de Deus. (LE, questão 621.) Na questão 919, desse livro, que trata sobre “o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal”, somos recomendados a seguir o conselho socrático do conhecimento de nós mesmos.
Em resposta à nova indagação de Kardec (LE, questão 919a) sobre como conseguir esse conhecimento, Santo Agostinho propõe-lhe fazer, ao final de cada dia, um exame de consciência. Se não faltara a algum dever, se ninguém lhe guardara mágoa. “[...] Perguntai ainda mais: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?”
Em seguida, recomenda: “Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado”.
Continuando, afirma Kardec que o homem de bem “deposita fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria. Sabe que sem a sua permissão nada acontece e se lhe submete à vontade em todas as coisas”. (ESE, cap. XVII, item 3.)
Um filósofo chegou à seguinte conclusão: “Se Deus não existe, tudo nos é permitido”. Esse é o grande engano de muita gente. Sem a certeza da existência de Deus, muitas pessoas se autodestroem. O Espiritismo, afirma Santo Agostinho, em sua mensagem sobre o autoconhecimento (LE, q. 919a), foi-nos enviado justamente para, não só por meio dos fenômenos, como das instruções dos Espíritos elevados, nos dar a certeza da vida futura e nos assegurar a existência de Deus como nosso Pai, e de Jesus como nosso guia.
O homem de bem “tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais”. (ESE, cap. XVII, item 3.) Esse homem “sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar”. (Op. cit.) Sem o conhecimento da reencarnação, que o Espiritismo nos trouxe, seria difícil aceitar “sem murmurar” todas as aparentes injustiças da matéria. Ele nos proporciona a “fé inabalável”.
O homem de bem, “possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça”. (Op. cit.) Essa é que é a verdadeira caridade, a que nos impulsiona para o bem, movidos pelo amor ao próximo, e que nos dá a certeza de que “viver bem é viver para o bem”.
Vive para o bem quem:
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros, antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. (Op. cit.)
Os Espíritos nos afirmam que o desinteresse é a maior demonstração de nossa elevação moral bem como “a sublimidade da virtude. [...] A mais meritória [virtude] é a que assenta na mais desinteressada caridade”. (LE, questão 893.)
“O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus”. (ESE, cap. XVII, item 3.) Esse é o que, independentemente da religiosidade ou não do próximo, atenta para o convite de Jesus: “Um novo mandamento vos dou. Que vos ameis uns aos outros tanto quanto eu vos amei”. (João, 13: 34.)
“Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam”. (ESE, cap. XVII, item 3.) Esse respeito decorre da certeza mesma de que todos somos irmãos em Deus, avultando a vontade de ser bom e o respeito pelo próximo como mais importantes do que a crença.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. (Op. cit.)
Aqui recordamos a máxima escrita por Kardec (Op. cit., cap. XV, item 10) e confirmada pelo apóstolo Paulo, na mensagem final desse capítulo: “Fora da caridade não há salvação”.
“Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus”. (Op. cit., cap. XVII, item 3.) O limite dos nossos direitos, dizem-nos os Espíritos superiores, termina exatamente onde ameaçamos os do nosso próximo.
“Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz”. (Op. cit.)
Por essas palavras finais, percebemos que ser homem de bem é um caminho longo a percorrer. Mas não devemos desanimar jamais, pois o mesmo caminho que percorre o bem também o faz a felicidade. Repetindo Allan Kardec, concluímos:
[...] Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. (Op. cit., cap. XVII, item 4.)

Referências:
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

Matéria escrita por Jorge Leite de Oliveira e extraída da Revista Reformador Setembro de 2011.





terça-feira, 11 de junho de 2013

Os Espíritos Influenciam os Nossos Pensamentos e Atos?

Para admitir a influência dos Espíritos é necessário aceitar a ideia de que há Espíritos e que estes sobrevivem à morte do corpo físico.
A dúvida relativa à existência dos Espíritos tem como causa principal a ignorância acerca da sua verdadeira natureza. [...] Seja qual for a ideia que se faça dos Espíritos, a crença neles necessariamente se baseia na existência de um princípio inteligente fora da matéria.[1]
Na verdade, os Espíritos exercem grande influência nos acontecimentos da vida. Essa influência pode ser oculta (sutil) ou  claramente percebida. Pode ser boa ou má, fugaz ou duradoura.  Não é nada miraculoso ou sobrenatural.
Imaginamos erroneamente que a ação dos Espíritos só se deva manifestar por fenômenos extraordinários. Gostaríamos que nos viessem ajudar por meio de milagres e sempre os representamos armados de uma varinha mágica. Mas não é assim, razão por que nos parece oculta a sua intervenção e muito natural o que se faz com o concurso deles. Assim, por exemplo, eles provocarão o encontro de duas pessoas, que julgarão encontrar-se por acaso; inspirarão a alguém a ideia de passar por tal lugar; chamarão sua atenção para determinado ponto, se isso levar ao resultado que desejam, de tal modo que o homem, acreditando seguir apenas o próprio impulso, conserva sempre o seu livre-arbítrio.[2]
A influência dos Espíritos é ocorrência comum, garantida pelos os princípios  da sintonia mental, pois “(…) é no mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão de espírito a espírito”[3], ensina Emmanuel.  Contudo, antes  de ser estabelecida a sintonia entre duas mentes, ocorre os processos de afinidade intelectual ou moral, ou ambas, pois “o  homem permanece envolto em largo oceano de pensamentos, nutrindo-se de substância mental, em grande proporção. Toda criatura absorve, sem perceber, a influência alheia nos recursos imponderáveis que lhe equilibram a existência. [4] E, mais, acrescenta o Benfeitor:
A mente, em qualquer plano, emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se constantemente para o alto destino que lhe compete atingir. Estamos assimilando correntes mentais, de maneira permanente. De modo imperceptível, “ingerimos pensamentos”, a cada instante, projetando, em torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em nós mesmos. [...] Somos afetados pelas vibrações de paisagens, pessoas e coisas que cercam. Se nos confiamos às impressões alheias de enfermidade e amargura, apressadamente se nos altera o “tônus mental”, inclinando-nos à franca receptividade de moléstias indefiníveis. Se nos devotamos ao convívio com pessoas operosas e dinâmicas, encontramos valioso sustentáculo aos nossos propósitos de trabalho e realização. (…).[1]
 Por Marta Antunes Moura - www.febnet.org.br

[1] Francisco Cândido Xavier. Roteiro. Cap. 26, pág. 112.
[1] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Pt. 1, cap. I, it, 1, p. 21-22.
[2]Idem. O Livro dos Espíritos. Q. 525-a-comentário, p. 352-353.
[3] Francisco Cândido Xavier. Roteiro. Cap. 28, pág. 119.
[4] Ibid. Cap. 26, pág. 111
Referências
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2ª ed.1ª reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.