sexta-feira, 25 de julho de 2014

A primeira dialogadora com os espíritos

O Espiritismo deve o seu surgimento a uma sequência de ocorrências fenomênicas dos espíritos, à experimentação de precursores franceses a partir de 1851, e à pesquisa incessante de seu codificador Allan Kardec a partir de 1856. Na esteira de sua origem notabiliza-se o ineditismo do movimento norte-americano em torno de manifestações acessíveis ao grande público. A data de 31 de março de 1848 é o estopim da série de ocorrências espirituais com alcance notoriamente coletivo, com o afluxo de centenas de testemunhas conferindo a repetição permanente do fenômeno por várias semanas, e com ampla cobertura dos fatos pela efervescente imprensa dos Estados Unidos. Inicialmente, durante quinze noites consecutivas, ruídos misteriosos ocorrem em uma casa da vila de Hydesville (na foto abaixo), perturbando cada vez mais o sono da família Fox. Na noite de 31 de março de 1848 os ruídos tornaram impossível alguém dormir.
 Duas jovens de 12 e 15 anos passam a estalar os dedos e a bater palmas, desafiando o que consideravam ser o autor dos ruídos: - Seu diabo, faça o mesmo número de sons que eu fizer - o que as deixou paralisadas de medo porque a fonte das misteriosas batidas passou a repetir o mesmo número de sons feito pelas irmãs. A mãe delas, Margaret Fox (na gravura abaixo ao lado do marido John Fox) interfere e manda o ruído contar até dez - e dez ruídos são ouvidos. A sra. Margaret resolve então interrogar o fenômeno que se assemelhava a um estalar seco da madeira ou ao pé de uma cadeira sendo abruptamente arrastado contra o piso. A data era 31 de março de 1848:
 Qual a idade dos meus filhos? 
 E ao contarem as batidas sequentes, confirmaram-se as idades de todos.  
 É um ser humano que faz estes ruídos? 
      Não ocorreu nenhum som.
 Se for um espírito dê duas batidas? 
  Duas batidas foram ouvidas.
 Se é um espírito assassinado, faça um ruído? 
  Um ruído confirmou
 Você foi morto nesta casa? 
  Ouviu-se um ruído.
 A pessoa que te matou ainda vive? 
  Um som confirmou. 
 Quantos anos você tinha? 
   31 batidas.
 Você deixou uma esposa? 
  Um som confirmou.
 Sua esposa ainda é viva? 
      Nenhum som.
 Sua esposa está morta? 
   Um som foi a resposta.
 Se eu chamar meus vizinhos para ouvir, você vai continuar batendo? 
   O espírito confirmou com um som.

 
Distante dali, em uma cidade norte americana, Andrew Jackson Davis, de 21 anos de idade (foto ao lado), médium audiente, vidente e de desdobramentos, anotou em seu caderno de notas: madrugada de 31 de março para 1º de abril-  uma voz veio me dizer: “irmão, um bom trabalho foi começado: olha! surgiu uma demonstração viva”. Davis não soube naquele exato momento precisar do que se tratava o aviso, mas naquela mesma data se estabelecia, através de Margaret Fox, o início da telegrafia espiritual. Devido a ter recebido este alerta, Davis posteriormente será chamado de profeta da Nova Relevação, um dos nomes do movimento que assumirá, a partir de 1853 a denominação definitiva de Espiritualismo, vigorando até os dias de hoje em países de língua inglesa.

 No dia seguinte e durante quatro semanas seguidas, 300 pessoas virão fazer perguntas e ouvir as respostas produzidas por sons estalando na madeira. Além da sra. Margaret Fox - a primeira dialogadora de que se tem notícia, outras pessoas buscaram se entender com o espírito através de perguntas e respostas pelo método que denominaram telegrafia espiritual, expressão que lembrava o fato da telegrafia elétrica de Samuel Morse ter sido inventada em 1835 como um importante meio de comunicação à distância. Naquele mesmo mês de abril uma comissão é formada para tomar por escrito os relatos assinados de dezenas de vizinhos dos Fox, e seu resultado é publicado por E.E.Lewis no formato de um livro, em 1848.

Bibliografia: livro Relatório dos Ruídos Misteriosos ouvidos na casa do Sr. John Fox, em Hydesville, Arcadia, Wayne County, autenticado por certificados, e confirmado por depoimentos de cidadãos do lugar e localidades vizinhas, 1848, E.E.Lewis.
por Osvaldo Bräscher



quinta-feira, 24 de julho de 2014

A Felicidade na visão Espírita

Ninguém diria em sã consciência que não deseja ser feliz.
Todos procuram, nos mais variados lugares e das mais diferentes formas.
Como já disse Divaldo Pereira Franco: “O grande desafio da criatura humana é a própria criatura humana”, ou seja, o nosso grande desafio somos nós mesmos, nosso autoconhecimento.
Sabemos que não somos somente aparência material, física. O ser humano é pré-existente ao corpo e a ele sobrevive. Através desse conceito é que conseguimos entender nossos enigmas, as problemáticas do inter-relacionamento, da dor, do desamor.
Allan Kardec, diz no Evangelho Segundo o Espiritismo, que a felicidade não é deste mundo. Não quis ele, afirmar que aqui é um vale de lágrimas, mas sim, que este mundo é uma escola. E como toda escola, existe a disciplina e quem não respeita estas disciplinas precisa ser reeducado, repete de ano, no nosso caso, precisa voltar, reencarnar, recomeçar.
A felicidade tem uma conotação diferente para cada criatura, de acordo com nível intelectual de cada um.
Por estarmos a maioria, ligados ao material, muitos condicionam a conquista da felicidade à aquisição de bens materiais, outros ancoram o sonho da felicidade na busca da fama, do sucesso, do poder, para outros a felicidade está associada à inexistência de problemas, e a lista prossegue sem fim.
Temos que lembrar que a vida não é um problema, é um desafio. Ela nos apresenta oportunidades de crescimento, nos setores que mais necessitamos. Por detrás dos problemas existem lições, desafios, tarefas. E a grande ventura tomará conta de nós quando vencermos os obstáculos que a vida nos apresenta.
Lembremo-nos da felicidade de Francisco de Assis, conquistada na humildade, na pobreza e no serviço ao próximo. O santo da humildade era moço rico, mas vivia amargurado na riqueza que possuía, só encontrou a paz depois que se entregou à riqueza do espírito. Não nos esqueçamos de Paulo de Tarso, que na condição de poderoso Saulo era infeliz, mas voltou a viver após o célebre encontro a felicidade pessoal. Gandhi encontrou a sua felicidade na luta pela paz. Madre Tereza e Irmã Dulce, apesar dos inúmeros padecimentos que sofreram, conseguiram encontrar a felicidade na felicidade que podiam proporcionar aos desvalidos do caminho. Como esquecer a permanente alegria de Chico Xavier ? E problemas na vida não lhe faltaram. Divaldo Pereira Franco, outro exemplo de felicidade por fazer outros felizes diz: “Quando nós começarmos a tornar a Terra dígna de viver, o Reino de Deus estará entre nós.”       Portanto, a felicidade, nós a encontraremos na harmonização, no amor verdadeiro, na renúncia e no desprendimento. Nós a encontraremos ainda, dedicando-nos aos que sofrem, procurando amenizar-lhes as dores.
A felicidade não é deste mundo, mas começa aqui. Cabe a nós, seres inteligentes descobrir na Terra a razão fundamental da nossa existência. Será que estamos aqui para curtir a vida de maneira banal ou imoral? Portanto, enquanto não buscarmos o enriquecimento moral e espiritual, tudo nos parecerá sem sentido ou significado, tornando nossas encarnações um desafio recheado de desencanto e aflição. Buscando a felicidade em acontecimentos ou em algum bem material. E a felicidade não está fora de nós, ela é, antes de tudo, um estado de espírito. Ser feliz é nossa atitude diante da tarefa que viemos fazer na Terra, que é “progredir espiritualmente” e de preferência ajudando outros a progredirem.
Seremos felizes, materialmente, se nos contentarmos com o necessário para viver, superando as pressões da sociedade de consumo que, com seu incrível agente – a propaganda – induz-nos a desejar o supérfluo e a consumir até mesmo o que é nocivo, como o fumo e as bebidas alcoólicas.
A esse propósito vale lembrar Diógenes, famoso filósofo grego, que demonstrava um absoluto desprezo pelas convenções sociais e pelos bens materiais, em obediência plena às leis da Natureza.
Proclamava que para ser feliz o homem deve libertar-se do supérfluo, limitando-se ao essencial : andava descalço, vestia uma única túnica que possuía e dormia num tonel, que se tornou famoso em toda a Grécia.
Certa feita viu um garoto tomando água num riacho, a usar o côncavo das mãos. Então, exultou o filósofo: “Aí está, esse menino acaba de ensinar-me que ainda tenho objetos desnecessários.” – Assim, dispensou a caneca que usava, passando a utilizar-se das mãos.
Alexandre, o grande, senhor todo poderoso de seu tempo, curioso por conhecer aquele homem singular e desejando testar seu famoso desprendimento, aproximou-se dele em uma manhã fria de inverno, quando Diógenes aquecia-se ao sol. Então, Alexandre propôs-se a atender qualquer pedido seu. Que escolhesse o bem mais precioso, que enunciasse o capricho mais sofisticado e seria prontamente atendido.
Diógenes contemplou por alguns momentos o homem mais poderoso da Terra, senhor de vasto império. Depois, esboçando um sorriso, disse-lhe : “Quero apenas que não me tires o que não me podes dar. Estás diante do sol que me aquece. Afasta-te, pois . . .”Evidentemente não podemos levar Diógenes ao pé da letra, mesmo porque estamos longe do desprendimento total. Ele representa um exemplo de como podemos simplificar a existência, despindo-nos do materialismo, para que não haja impedimentos à nossa felicidade. E se, nós nos contentarmos com o necessário teremos condições para tratar de assuntos mais importantes, como a conquista moral. Porque, somos dotados de potencialidades criadoras que precisam ser exercitados permanentemente e tanto mais felizes seremos quanto maior o nosso empenho em cultivar os valores da Verdade e do Bem, da Justiça e da Sabedoria, do Amor e da Caridade, fazendo sempre o melhor. Gandhi disse: “Todo aquele que possui coisas de que não precisa é um ladrão.” E  Aristóteles disse: “A felicidade consiste em fazer o bem.” Divaldo P. Franco disse que aprendeu que a finalidade da vida é ser feliz através da felicidade proporcionada aos outros. E o apóstolo Paulo disse: “ Se alguém possuir bens deste mundo e, vendo o seu irmão em necessidade, fechar-lhe o coração, como poderá permanecer nele o amor de Deus?”


(Richard Simonetti)

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Meditando: ouve o aconselhamento do guia espiritual

Aprofunda a meditação, não temas. Interioriza-te, compreende o momento.
Reina no teu ser a plenitude do viver.
Tu és a paz, a luz, a vida sapiente. Tua voz interior é audível em  meio ao silêncio.
Que transformação, toda consciência em Deus.
Tu és o conhecimento interno do teu próprio ser.
O silêncio do teu ser não revela o tempo mas a eternidade.
A devoção cega dá lugar à razão.
O racional é a chave das portas à meditação.
A fé no Creador significa consciência da unidade creatura-Creador.
É silêncio, revelação, realização, é a creatura vivendo todo o Universo, sendo.
Desperta, trabalha, esta é a meta, o processo de transformação.


(do livro Meditação: o silêncio interior, pelo espírito F. Alessander, psicografia de Maury Rodrigues da Cruz, Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas)