quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

PEGADAS NA AREIA



Uma noite eu tive um sonho....
Sonhei que estava andando na praia com o 
Senhor, e através do céu, passavam cenas 

da minha vida.
Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia;
um era o meu, e o outro era do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou 
diante de nós, olhei para trás, para as 
pegadas na areia, e notei que muitas vezes 
no caminho da minha vida ,
havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei, também, que isso aconteceu nos 
momentos mais difíceis e angustiosos do 
meu viver; isso aborreceu-me deveras, e 
perguntei:
" Senhor, Tu me disseste que, uma vez que 
eu resolvi Te seguir, Tu andarias sempre 
comigo, todo o caminho, mas notei que 
durante as maiores atribulações do meu 
viver havia, na areia dos caminhos da vida, 
apenas um par de pegadas.
Não compreendo porque nas horas que eu 
mais necessitava de Ti, Tu me deixastes".
O Senhor respondeu:
"Meu precioso filho, Eu te amo e jamais te 
deixaria nas horas da tua prova e do teu 
sofrimento. Quando viste na areia, 
apenas um par de pegadas, foi exatamente aí 
que Eu te carreguei nos braços".

- Mary Stevenson-
*Poema escrito em 1936, com direitos autorais recebidos em 1984*

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A pesquisa cientifica espirita

FONTE: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geeu/quest7.

       A PESQUISA CIENTÍFICA ESPIRITA 

Questões acerca da natureza do Espiritismo - VII

Silvio Seno Chibeni
Encerrando a série, o presente artigo ressalta a necessidade de se prosseguir no desenvolvimento das pesquisas científicas espíritas ao longo das linhas traçadas pelo próprio programa espírita de investigação iniciado por Kardec, em integração com os outros aspectos do Espiritismo.[1]

Questão:

Algumas pessoas alegam que a ênfase religiosa tem prejudicado os aspectos científicos da doutrina, propondo um “Espiritismo não-religioso” ou “laico”. Dizem que a pesquisa espírita tem sido relegada a segundo plano, ou que praticamente não existe. O que caracterizaria uma pesquisa científica espírita? Seria um ramo separado da ciência ou uma postura diferenciada dentro dos ramos atuais? O que poderia ser feito para incentivar o desenvolvimento dessa pesquisa?

Resposta:

Como foi ressaltado no terceiro artigo desta série, a genuína religião está na busca e cultivo de princípios morais capazes de nos colocar em harmonia com o plano da Criação, transformando-nos gradualmente em seres felizes que espalham felicidade ao seu redor. Assim entendida, a religião integra-se naturalmente à ciência espírita, pois que é esta que determina as conseqüências globais das ações humanas a curto e longo prazos, formando a base experimental sobre a qual a razão operará para identificar os preceitos de conduta que nos aproximem da felicidade. Ver, portanto, antagonismos ou tensões quaisquer entre a religião e a ciência espíritas constitui evidência de pouco estudo e pouca reflexão sobre a verdadeira índole do Espiritismo.
Infelizmente, o despreparo e os atavismos de muitos indivíduos que colaboram de boa vontade nas fileiras espíritas fazem com que certas práticas pouco condizentes com a pureza doutrinária se implantem em diversas instituições, e acabem mesmo divulgadas em palestras, livros e periódicos ditos espíritas. Quem compreende essa situação deve trabalhar para modificá-la. Mas a via para isso é a do esclarecimento, do estudo, do convencimento pela razão e pelo amor, jamais os anátemas ou, o que é ainda pior, o repúdio daquilo que se supõe ser o “aspecto religioso do Espiritismo”.
É provável, aliás, que essa “rejeição do bebê com a água do banho” tenha pesado muito no declínio e virtual extinção do movimento espírita em países europeus a partir, digamos, do início do século. Não se pode mutilar um corpo doutrinário integrado, como o é o Espiritismo, sem arcar com efeitos drásticos, seja qual for a área em que o tenhamos atingido. (Em movimento oposto ao indicado na questão, pode-se querer desprezar as bases científicas do Espiritismo, e as conseqüências não seriam melhores.)
A esse respeito, são expressivas as palavras do presidente da Union Spirite Française et Francophone, Roger Perez, em recente entrevista concedida ao jornal paranaense Universo Espírita (ver referências). Perguntado sobre se teria uma explicação para o quase desaparecimento do movimento espírita na França (até sua recente renovação), inicia sua lúcida e firme resposta nestes termos (o destaque é meu): “Sim. Há uma muito simples.Quando o Espiritismo não é aplicado com as regras ditadas por Allan Kardec, ele morre.”
Quanto à pesquisa científica espírita, acredito que sua natureza já tenha sido salientada indiretamente nos artigos precedentes desta série. Em artigo publicado em 1991 sob o título “A ciência espírita” abordo explicitamente o tema, ainda que de forma breve, lembrando que constitui equívoco imaginar que essa pesquisa deva dar-se nas mesmas instituições e com os mesmos métodos e pressupostos teóricos que os das ciências da matéria. O reconhecimento desse ponto seria de suma importância hoje em dia, quando se nota uma inclinação de muitos espíritas na direção de linhas de pesquisa científica e filosoficamente primitivas relativamente à do genuíno Espiritismo.
A afirmação de que não se têm realizado pesquisas científicas espíritas parece resultar de uma compreensão deficiente do que sejam a ciência e o Espiritismo. Após as fundamentais realizações de Allan Kardec, que instituíram o paradigma científico espírita, outros investigadores encarnados e desencarnados prosseguiram em sua extensão, não necessariamente em laboratórios acadêmicos, porque não é aí que os fenômenos relativos ao espírito podem mais apropriadamente ser estudados, mas nos centros espíritas, no recesso dos lares, no mundo espiritual e onde quer que se possa observar e refletir sobre a face espiritual do ser humano.
Gosto de dar como exemplos de pesquisadores espíritas André Luiz, Philomeno de Miranda e Yvonne Pereira, dentre tantos outros, que, num trabalho silencioso e fecundo, enriqueceram o acervo de informações e reflexões sobre os fenômenos anímicos e mediúnicos, as condições da vida no plano espiritual, a lei de causa e efeito, etc. Quem ler suas obras apenas superficialmente, ou com inadequado senso científico, tenderá a ver nelas apenas romances, historietas e narrações literárias, quando na realidade seu objetivo primordial é bem outro.
No referido artigo, aponto, a título ilustrativo e de modo muito esquemático, algumas áreas importantes de investigação espírita. Transcrevo aqui a lista, com adaptações: [2]
  1. Evolução do espírito: o elemento espiritual dos seres dos reinos inferiores, origem dos espíritos humanos, encarnação e reencarnação, pluralidade dos mundos habitados.
  2. O mundo espiritual: constituição, leis que o regulam, interação com o mundo material.
  3. Interação espírito-corpo: perispírito, efeitos psicossomáticos, mediunidade.
  4. Implicações morais (uma área científica e filosófica): livre-arbítrio, lei de causa e efeito.
Em suma, o incentivo e incremento das pesquisas científicas espíritas deve principiar com a identificação e o abandono de abordagens incipientes ou pseudo-científicas, prosseguir com a adesão às linhas de pesquisa paradigmáticas da doutrina, e passar ao estudo filosófico das conseqüências da ciência espírita para a questão de nosso acerto com as normas morais evangélicas, sem o que essa ciência se tornará estéril.

Referências:

(Os dois primeiros artigos encontram-se, ao lado de outros acerca de temas correlacionados, disponíveis no site do Grupo de Estudos Espíritas da Unicamp: http://www.geocities.com/Athens/Academy/8482.)
  • CHAGAS, A. P. “As provas científicas”, Reformador, agosto de 1987, p. 232-33.
  • CHIBENI, S. S. “Ciência espírita”, Revista Internacional de Espiritismo, março 1991, p. 45-52.
  • PEREZ, R. Entrevista concedida a Universo Espírita, ano 3, n. 30, dezembro 1998, p. 4-6.

Notas


[1] O conteúdo do texto corresponde, com algumas adaptações, a parte de entrevista concedida por mim ao GEAE (Grupo de Estudos Avançados de Espiritismo), pioneiro na divulgação do Espiritismo pela Internet. A entrevista foi publicada no Boletim n. 300 (edição extra), que circulou em 7/7/1998, podendo ser encontrado no site http://www.geae.org. Gostaria de agradecer ao GEAE a anuência para o aproveitamento do material nesta série de artigos. Sou especialmente grato aos seus membros Ademir L. Xavier Jr., pela iniciativa da entrevista, e Carlos A. Iglesia Bernardo, por haver reunido as relevantes e oportunas questões.
[2] “Ciência espírita, p. 49-50. Note-se que não incluí o tópico “comprovação da existência do espírito”, pela razão exposta na segunda parte do artigo precedente: trata-se de uma questão já resolvida, preliminar ao Espiritismo propriamente dito, e na qual não devem as investigações estacionar. Para esse ponto, ver também o artigo “As provas científicas”, de Aécio P. Chagas.
Artigo publicado em Reformador, janeiro de 2000, pp. 24-25.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

DECISÃO DE SER FELIZ


Empenha-te ao máximo para tornar tua vida agradável a ti mesmo e aos outros.
É importante que, tudo quanto faças, apresente um significado positivo, motivador de novos estímulos para o prosseguimento da tua existência,  que se deve caracterizar por experiências enriquecedoras.
Se as pessoas que te cercam não concordarem com a tua opção de ser feliz, não te desencoraje  e, sem qualquer agressão, continua gerando bem-estar.
És a única pessoa com quem contarás para estar contigo, desde o berço até o túmulo, e depois d’Ele, como resultado dos teus atos...
Gerar simpatia, produzindo estímulos otimistas para ti mesmo, representa um crescimento emocional significativo, a maturidade psicológica em pleno desabrochar.
É relevante que o teu comportamento produza um intercâmbio agradável, caricioso, com as demais pessoas. No entanto, se não te comprazer, transformar-se-á em tormento, induzindo-te a atitudes perturbadoras, desonestas.
Tuas mudanças e atitudes afetam aqueles com os quais convives. É natural, portanto, que te plenificando, brindem-te com mais recursos para a geração de alegrias em volta de ti.
Todos os grandes líderes da Humanidade lutaram até  lograr sua meta — alcançar o que haviam elegido como felicidade, como fundamental para a contínua busca.
Buda renunciou a todo conforto principesco para atingir a iluminação. Maomé sofreu perseguições e permaneceu indômito até lograr sua meta. Gandhi foi preso inúmeras vezes, sem reagir, fiel aos planos da não-violência e da liberdade para o seu povo.
E Jesus preferiu a cruz infamante à mudança de comportamento fixado no amor.
Todos quantos anelam pela integração com a Consciência Cósmica geram simpatia e animosidade no mundo, estando sempre a braços com os sentimentos desencontrados dos outros, porém fiéis a si mesmos, com quem sempre contam, tanto quanto, naturalmente, com Deus.
Quando se elege uma existência enriquecida de paz e bem-estar, não se está eximindo ao sofrimento, às lutas, às dificuldades que aparecem. Pelo contrário, eles sempre surgem como desafios perturbadores, que a pessoa deve enfrentar, sem perder o rumo nem alterar o prazer que experimenta na preservação do comportamento elegido. Transforma, dessa maneira, os estímulos afligentes em contribuição positiva, não se lamentando, não sofrendo, não desistindo.
Quem, na luta, apenas vê sofrimento, possui conduta patológica, necessitando de tratamento adequado.
A vida é bênção, e deve ser mantida saudável, alegre, promissora, mesmo quando sob a injunção libertadora de provas e expiações.
Tornando tua vida agradável, serão frutíferos e ensolarados todos os teus dias.
Joanna de Ângelis, médium Divaldo Franco

PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL POR OCASIÃO DA MORTE

Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
Baseado em Publicação da FEB

Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre a sua situação. A lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e à medida que se dissipa a espécie de nevoa que lhe obscurece os pensamentos.
Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. Aqueles que, quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o estado futuro que os aguardava, são os em que menos longa ela é, porque esses compreendem imediatamente a posição em que se encontram.
O processo de desprendimento espiritual é lento ou demorado, conforme a constituição do temperamento, a formação do caráter moral e as aquisições espirituais de cada ser. Não ocorrem duas desencarnações que sejam iguais. Cada um desperta ou se demora na perturbação, consoante as características próprias de sua personalidade. Nesse particular, o comportamento religioso exerce uma fundamental importância. Aqueles que se fixaram às idéias niilistas, materialistas, hibernam-se, não raro, como a fugir da realidade num bloqueio inconsciente de longo porte que os atormenta em forma de pesadelos infelizes, de que se não conseguem facilmente libertar. Tendo agasalhado a ideia do nada, deperecem e se exaurem em agonia superlativa, sem que se permitam alívio nas regiões frias e temerosas a que são arrastados por natural processo de sintonia mental, quando não acompanham, estarrecidos, a decomposição do corpo a que se agarram, tentando restabelecer-lhe os movimentos, em luta inglória avassaladora. Os que cultivaram as religiões simplistas, que prometem os céus a golpes de facilidade e oportunismo, são surpreendidos por uma realidade bem diversa com que não contavam.
Os que agasalham idéias esdrúxulas, fazem-se vítimas de horrores e alucinações lamentáveis que os desnorteiam por tempo indeterminado. Os suicidas, graças aos atenuantes ou agravantes que os selecionam automaticamente, descobrem em inditoso despertar a não existência da morte.
Os que se converteram em destruidores da vida alheia, experimentam as aflições que infligiram e expungem, em intérmina angústia, o acordar da consciência e a sobrecarga dos crimes perpetrados. A perturbação espiritual ocorre, portanto, “na transição da vida corporal para a espiritual; nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações”. A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte, e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos.
 O último alento quase nunca é doloroso, uma vez que ordinariamente ocorre em momento de inconsciência. No entanto, na morte violenta as sensações não são precisamente as mesmas.
Nestas condições, o desprendimento só começa depois da morte e não pode completar-se rapidamente. O Espírito, colhido de improviso, fica como que aturdido e sente, e pensa, e acredita-se vivo, prolongando-se esta ilusão até que compreenda o seu estado. Finalmente, concluímos dizendo que “O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo”.