A crença na imortalidade é, segundo
Léon Denis (1846-1927, uma das “[...] mais difundidas nas filosofias e
nas religiões do Oriente e do Ocidente. Do ponto de vista filosófico pode
assumir duas formas diferentes: 1ª a crença na imortalidade da pessoa
individual, ou seja, da alma humana em sua totalidade; 2º a crença na
imortalidade daquilo que a pessoa individual tem em comum com um princípio
eterno e divino, só da parte impessoal da alma.” 1 Para o filósofo grego Platão
(428/427-348/347), esta crença “[...] é o laço de toda a sociedade; despedaçai
esse laço e a sociedade se dissolverá.”2
O conceito de existência e sobrevivência da alma é admitido desde
os tempos imemoriais, mas foi consolidado com as ideias de Sócrates, Platão,
Pitágoras e dos filósofos órficos. Divulgado na Idade Média, foi acrescido das
interpretações da teologia cristã pelos pais da Igreja, como Agostinho e Tomás
de Aquino. No Renascimento o conceito era lugar comum, amplamente divulgado. Na
Idade moderna sofreu uma reviravolta, sobretudo com a chegada do positivismo de
Auguste Comte (1798-1857) que, com a sua doutrina do culto à razão,
rejeitava Deus e a imortalidade da alma. Na Idade Contemporânea, o
conhecimento humano progride vertiginosamente e, com o desenvolvimento da
Psicologia e da Parapsicologia, o mundo científico passa a se interessar pela
paranormalidade, aceitando-se que o homem possui algo de transcendental,
preexistente à formação do corpo físico.
Mais tarde, os Fenômenos de
Quase Morte se destacam, sobretudo os trabalhos conduzidos por
Elisabeth Kübler-Ross (1926-2004), médica suíça naturalizada americana. Esta
respeitável psiquiatra obteve importantes observações de pacientes terminais
que retornaram ao corpo após parada cardíaca ou estado comatoso. A maioria
desses pacientes não só relataram aspectos da vida além da matéria e o encontro
com Espíritos já falecidos, como puderem, por si mesmos, atestarem a
imortalidade do Espírito.
As pesquisas desenvolvidas pelo psiquiatra canadense, Ian Stevenson
(1918-2007), ao longo de décadas e em diferentes partes do mundo, acumularam um
número significativo de casos de pessoas que tinham reminiscências de outras
existências e de experiências vividas no plano espiritual, após a morte do
corpo.
Segundo a Doutrina Espírita, “[...]
chamamos alma ao ser imaterial e individual que reside em nós e sobrevive ao
corpo .[...].” 3 A questão de aceitar, ou
não, imortalidade da alma, e consequentemente a sua capacidade de se
comunicar com os encarnados, reside na ideia que se tem de alma. Para muitos
indivíduos, a alma é uma abstração, para outros é um ser destituído de uma
forma precisa, espécie de luz ou clarão. Outros têm uma visão confusa, com base
em suas convicções religiosas. O progresso da Ciência, contudo, permitirá
que o a imortalidade da alma, sua sobrevivência e manifestação no plano físico
sejam comprovados.
A sobrevivência da alma depois da
morte está provada, de maneira irrecusável e de alguma sorte palpável, pelas
comunicações espíritas. Sua individualidade está demonstrada pelo caráter e
pelas qualidades próprias de cada uma; essas qualidades, distinguindo as almas
umas das outras, constituem a sua personalidade; se elas estivessem confundidas
num todo comum, não teriam senão qualidades uniformes. Além dessas provas
inteligentes, há ainda a prova material das manifestações visuais, ou
aparições, que são tão frequentes e tão autênticas, que não é permitido
contradizer. 4
Referências
1.
DENIS, LÉON. Cristianismo e espiritismo. 7 ed. Rio de
Janeiro: FEB, cap. XI, p. 238.
2.
ABBAGNAN0, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução de
Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. 4 ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2000, p. 542.
3.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de
Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Introdução II, p.25.
4.
DENIS, LÉON. Depois da morte. 13 ed. Segunda parte,
cap X, p.127 a 132.
Nenhum comentário:
Postar um comentário