Muito antes da valiosa contribuição dos psiquiatras e psicólogos
humanistas e transpessoais, quais Raymond Moody Júnior, Maslow, Goleman e
outros, que colocaram a alma como base dos fenômenos humanos, a psicologia espírita
demonstrou que, sem uma visão espiritual da existência física, a própria vida
permaneceria sem sentido ou significado.
O reducionismo, em psicologia, torna o ser humano um amontoado de células
sob o comando do sistema nervoso central, vitimado pelos fatores da
hereditariedade e pelos caprichos aberrantes do acaso.
A saúde e a doença, a felicidade e a desdita, a genialidade e as
patologias mentais, limitadoras e cruéis, não passam de ocorrências estúpidas
da eventualidade genética.
Assim considerado, o ser humano começaria na concepção e anular-se-ia na
morte, um período muito breve para o trabalho que a Natureza aplicou mais de
dois bilhões de anos, aglutinando e aprimorando moléculas, que se transformaram
em um código biológico fatalista...
Por outro lado, a engenharia genética atual, aliando-se à biologia
molecular, começa a detectar a energia como fator causal para a construção do
indivíduo, que passa a ser herdeiro de si mesmo, nos avançado processos das
experiências da evolução.
Os conceitos materialistas, desse modo, aferrados ao mecanismo fatalista,
cedem lugar a uma concepção espiritualista para a criatura humanas,
libertando-a das paixões animais e dos atavismos que ainda lhe são
predominantes.
Inegavelmente, Freud e Jung ensejaram uma visão mais profunda do ser
humano com a descoberta e estudo do inconsciente, assim como dos arquéticos,
respectivamente, constatando a realidade do Espírito, como explicação para os
comportamentos variados dos diferentes indivíduos; procedentes da mesma árvore
genética, eles se apresentam fisiológica e psicologicamente opostos, bem e mal
dotados, com equipamentos de saúde e de desconserto.
Não nos atrevemos a negar os fatores hereditários, sociais e familiares
na formação da personalidade da criança. No entanto, adimos que eles decorrem
de necessidades da evolução, que impõem a reencarnação no lugar adequado, entre
aqueles que propiciam os recursos compatíveis para o trabalho de
auto-iluminação, de crescimento interior.
O lar exerce, sem qualquer dúvida, como ocorre com o ambiente social,
significativa influência no ser, cujos ônus serão o equilíbrio ou a desordem
moral, a harmonia física ou psíquica correspondente ao estágio evolutivo no
qual se encontra.
A necessidade, portanto, do autodescobrimento, em uma
panorâmica racional torna-se inadiável, a fim de favorecer a recuperação,
quando em estado de desarmonia, ou o crescimento, se portador de valores
intrínsecos latentes. Enquanto não se conscientize das próprias possibilidades,
o indivíduo aturde-se em conflitos de natureza destrutiva, ou foge
espetacularmente para estados depressivos, mergulhando em psicoses de vária
ordem, que o dominam e inviabilizam a sua evolução, pelo menos momentaneamente.
A experiência do auto descobrimento faculta-lhe identificar os limites e
as dependências, as aspirações verdadeiras e as falsas, os embustes do ego e as
imposturas da ilusão.
Remanescem-lhe no comportamento, como herança dos patamares já vencidos
pela evolução, a dualidade do negativismo e do positivismo diante das decisões
a tomar.
Não identificado com os propósitos da finalidade superior da Vida, quando
convidado à libertação dos vícios e paixões perturbadores, das aflições e
tendências destrutivas, essa dualidade do negativo e do positivo desenha-se-lhe
no pensamento, dificultando-lhe a decisão.
É comum, então, o assalto mental pela dúvida: Isto ou aquilo? A definição
faz-se com insegurança e o investimento para a execução do propósito novo
diminui ou desaparece face às contínuas incertezas.
Fazem-se imprescindíveis alguns requisitos para que seja logrado o auto
descobrimento com a finalidade de bem-estar e de logros plenos, a saber:
insatisfação pelo que se é, ou se possui, ou como se encontra; desejo sincero
de mudança; persistência no tentame; disposição para aceitar-se e vencer-se;
capacidade para crescer emocionalmente.
Porque se desconhece, vitimado por heranças ancestrais - de
outras reencarnações -, de castrações domésticas, de fobias que
prevalecem da infância, pela falta de amadurecimento psicológico e outros, o
indivíduo permanece fragilizado, suscetível aos estímulos negativos, por falta
de auto-estima, do auto-respeito, dominado pelos complexos de inferioridade e
pela timidez, refugiando-se na insegurança e padecendo aflições perfeitamente
superáveis, que lhe cumpre ultrapassar mediante cuidadoso programa de
discernimento dos objetivos da vida e pelo empenho em vivenciá-lo.
Inadvertidamente ou por comodidade, a maioria das pessoas aceita e
submete-se ao que poderia mudar a benefício próprio, auto punindo-se, e
acreditando merecer o sofrimento e a infelicidade com que se vê a braços,
quando o propósito da Divindade para com as suas criaturas é a plenitude, é a
perfeição.
Dominado pela conduta infantil dos prêmios e dos castigos, o indivíduo
não amadurece o eu profundo, continuando sob o jugo dos caprichos do ego,
confundindo resignação com indiferença pela própria realização da ocorrência -
dor sem revolta, porém atuando para erradicá-la.
Liberando-se das imagens errôneas a respeito da vida, o ser deve assumir a
realidade do processo da evolução e vencer-se, superando os fatores de
perturbação e de destruição.
Ao apresentarmos o nosso livro aos interessados na decifração de si
mesmos, tentamos colocar pontes entre os mecanismos das psicologias humanista e
transpessoal com a Doutrina Espírita, que as ilumina e completa, assim
cooperando de alguma forma com aqueles que se empenham na busca interior, no
auto descobrimento.
Não nos facultamos a ilusão de considerar o nosso trabalho mais do que um
simples ensaio sobre o assunto, com um elenco amplo de temas coligidos no
pensamento dos eméritos da alma e com a nossa contribuição pessoal.
Uma fagulha pode atear um incêndio.
Um fascículo de luz abre brecha na treva.
Uma gota de bálsamo suaviza a aflição.
Uma palavra sábia guia uma vida.
Um gesto de amor inspira esperança e doa paz.
Esta é uma pequena contribuição que dirigimos aos que sinceramente se
buscam, tendo Jesus como Modelo e Terapeuta Superior para os problemas do
corpo, da mente e do espírito.
Rogando escusas pela sua singeleza, permanecemos confiantes nos
resultados felizes daqueles que tentarem o auto descobrimento, avançando em
paz.
Livro Autodescobrimento de Joanna de Ângelis