Das Leis Morais
– Parte terceira – Livro dos Espíritos – Capítulo I –
Da lei divina ou natural
1 Caracteres da lei natural. 2 Origem e conhecimento da lei natural. 3 O bem e o mal. 4 Divisão da lei natural.- 1 Caracteres da lei natural
Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: as leis físicas, cujo estudo pertence ao domínio da Ciência. As outras dizem respeito especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e com seus semelhantes. Contêm as regras da vida do corpo, bem como as da vida da alma: são as leis morais.
- 2 Origem e conhecimento da lei natural
O caráter do verdadeiro profeta é ser um homem de bem, inspirado por Deus. Podemos reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos atos. Impossível é que Deus se sirva da boca de um mentiroso para ensinar a verdade. Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito divino o animava. Jesus pregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister, agora, que a verdade se torne inteligível para todo mundo, daí porque vieram os Espíritos trazer o ensino claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado.
- 3 O bem e o mal
Os Espíritos foram criados simples e ignorantes. Deus deixa que o homem escolha o caminho. Tanto pior para ele, se toma o caminho mau: mais longa será sua peregrinação. É preciso que o Espírito ganhe experiência; é preciso, portanto, que conheça o bem e o mal. Eis porque se une ao corpo.
A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal depende, principalmente, da vontade que se tenha de o praticar. Tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz. Não basta que o homem deixe de praticar o mal; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem. Não há quem não possa fazer o bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o praticar. Para certos homens, o meio onde se acham colocados representa a causa primária de muitos vícios e crimes, mas, ainda aí, há uma prova que o Espírito escolheu, quando em liberdade, levado pelo desejo de expor-se à tentação para ter o mérito da resistência. O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo. Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esforço e quando nada custe. Em melhor conta tem Deus o pobre que divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o rico que apenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus, a propósito do óbulo da viúva.
- 4 Divisão da lei natural
A divisão da lei natural em dez partes, compreendendo as leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e, por fim, a de justiça, amor e caridade,é de natureza a abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial. Entretanto, a última lei é a mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras.
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