Não guardes e nem
fales, coração,
Palavras de azedume ou
desesperação.
O verbo que escarnece,
esfogueia, envenena,
Traz em si mesmo a
dolorosa pena
De amarga frustração!
Muitas vezes, nós
mesmos, trilha afora
No pensamento que se
desarvora,
Nas teias da ilusão
sem motivo ou sem base,
Para sair do mal e
regressar ao bem
Precisamos apenas de
uma frase
Do carinho de alguém!
Na dor que nos renova,
Quantas vezes na vida
a gente espera
Simplesmente um
sorriso,
Para fazer o esforço
que é preciso,
A fim de não perder
nas lágrimas da prova
A paz da fé
sincera!...
Pensa nisso e abençoa
Aquela própria mão que
te espanca ou aguilhoa
Fel, tristeza,
amargura,
Transformam desventura
em maior desventura!
Se a mágoa te domina,
Observa a lição da
Bondade Divina!
Se o homem tala o
campo nos horrores da guerra,
Deus recama de verde
as úlceras da Terra.
Cerre-se a noite fria,
Deus recompõe sem
falta os fulgores do dia.
Atire-se um calhau à
frente na espessura,
Deus protege a
corrente
E a fonte lava a pedra
a beijos de água pura
E prossegue
indulgente.
Doce, clara, bendita,
Fertilizando o campo
em que transita.
Isola-se a semente
pequenina
Na clausura do chão
E eis que Deus a
ilumina
E ela faz a alegria e
a fartura do pão!
Que a poda fira a
planta a golpes destruidores
E Deus reveste o
tronco em auréolas de flores!...
Conquanto seja em tudo
a Justiça Perfeita
Que nos premia,
ampara, aprimora e indireita
Pelo poder do amor
incontroverso,
Deus quer que a Lei do
amor seja cumprida
Para a glória da vida,
Nas mais remotas
plagas do Universo!
Serve, pois, coração,
À tolerância, à paz, à
bondade e à União;
Embora desprezado,
anônimo, sozinho,
Agradece em silêncio,
a injúria, o pranto, o espinho
E serve alegremente...
Dor é nova ascensão à
Vida Superior!...
Rende-te a Deus e
segue para a frente,
Pois Deus é Caridade e
a Caridade ardente
Tudo cobre de amor!...
Maria Dolores - Antologia da Espiritualidade, edição FEB
Nenhum comentário:
Postar um comentário